19º Domingo do Tempo Comum
De há uns anos a esta parte, vem aumentando significativamente o número de peregrinos que, no cumprimento de promessas feitas ou simplesmente para fazerem a experiência de peregrinar, calcorreiam dezenas e dezenas de quilómetros a pé, rumo a santuários mais ou menos conhecidos (Fátima, Compostela, S. Bento da Porta Aberta). Para além de outros benefícios, a peregrinação é uma experiência libertadora da tirania de tanta futilidade, de tanta coisa acessória que manieta a nossa vida do dia a dia.
Se esta experiência de peregrinação não está ao alcance de todos, a Palavra do Senhor deste domingo apresenta-nos uma outra peregrinação que a todos é proposta e que todos precisamos de fazer – nem o grande profeta Elias esteve isento dela! S. Paulo apresenta-a da seguinte forma: deixar o mundo do azedume, da irritação, da cólera, do insulto, da maledicência e de toda a espécie de maldade; caminhar para o reino da bondade, da compaixão e do perdão, “a exemplo de Cristo”!
Convenhamos que esta peregrinação é mais dura, mais exigente e muito mais prolongada que qualquer das tradicionais peregrinações acima referidas. E só a poderemos fazer, sem desânimos e com perseverança, se tomarmos o alimento que o próprio Cristo – o eterno peregrino da vontade do Pai – para nós preparou!
Tantas vezes apelidado de “pão dos Anjos”, ele é o pão destes peregrinos que em cada Eucaristia nos é oferecido. Também a cada um de nós, Cristo dá o seu “pão vivo”, para não passarmos a vida enterrados no deserto do sem-sentido e das miragens enganadoras, mas nos tornarmos verdadeiros peregrinos, de rumo bem determinado em direção ao mar da vida e da felicidade verdadeiras.
Só assim as nossas Eucaristias serão diferentes e se transformarão constantemente em novas etapas da nossa caminhada para Deus! Só assim elas deixarão de ser um prolongado bocejo, para se tornarem no alimento apetitoso, desejado e procurado para a nossa caminhada, pois também a cada um e cada uma de nós diz Deus: “levanta-te e come, porque ainda tens um longo caminho a percorrer”!
Queiramos nós, à semelhança do profeta Elias, aceitar o desafio de Deus e, alimentados e fortalecidos pela comunhão do Corpo de Cristo, “o pão vivo” que Ele nos dá, pormo-nos decidida e prontamente a caminho, já que bem longa é também a nossa caminhada!