Sim, trata-se dum caminho que é preciso fazer. Refiro-me ao tempo quaresmal que estamos a viver, em cheio, neste mês de Março. Todos nós já sabemos o que é a Quaresma. Se calhar falta-nos, ainda, perceber como a viver e sobretudo como fazer este caminho. E aqui não há receitas mágicas. Existe o caminho e existe o caminhante. Este só o faz se caminhar com o seu próprio pé, em atitude de peregrino que, não carregando muita coisa, se põe a caminho em direcção à Páscoa.
Será que estamos a caminhar na direcção correcta? Estamos a conseguir caminhar no meio de tantos obstáculos? Conseguimos contornar todos esses impedimentos? Estamos a caminhar sozinhos ou, lado a lado, com o nosso irmão? Tudo perguntas que se impõem nesta caminhada quaresmal.
Cada um fará a sua reflexão pessoal e, como grupos, poderemos e deveremos também fazer este caminho em conjunto. Sozinhos poderemos ir mais depressa mas juntos vamos mais longe. E aqui não interessa a velocidade da caminhada. Interessa, acima de tudo, os passos certeiros e firmes que vamos fazendo e trilhando neste mundo, que é o nosso, e que o temos de enfrentar com muita coragem, para podermos, com toda a clareza, firmar a riqueza e a importância deste caminho quaresmal que nos purifica, que nos transforma e que nos reforça na nossa caminhada quotidiana.
Hoje, infelizmente, conhecemos muitas pessoas que já desistiram de caminhar. Que estão exaustas do caminho. Que já se colocaram à margem e de fora de tudo. Pessoas que já perderam o norte e a meta dessa caminhada. Que já não tem ânimo nem energias.
Neste tempo, é urgente renascermos das cinzas e voltarmos a acreditar que o caminho se faz caminhando. Que é fulcral renovar em nós a confiança e a esperança dum futuro melhor. De criarmos em nós, um espírito novo, um coração mais fraterno e uma vida mais plena de comunhão e de amor uns para com os outros. De reforçarmos os nossos laços de amizade e de proximidade. Não termos medo de nos abraçarmos e encorajarmos mutuamente. Só assim acontecerá a verdadeira Páscoa se conseguirmos fazer esta passagem do nosso egoísmo para a abertura e proximidade com os nossos irmãos que caminham ao nosso lado e connosco.
Sejamos capazes de fazer este caminho sem desfalecer e sem olharmos para trás. Colocar mãos ao arado da nossa vida e andarmos em frente. Eis o desafio quaresmal.
Santa Quaresma para todos!