O P. Daniel Brottier guardava no coração, desde os 12 anos, o apelo missionário. Ao ver-se comprometido num apostolado de crianças privilegiadas pelo nascimento e pelo ambiente educativo, deu consigo a pensar naquelas – e eram multidões – que esperavam ainda a luz do Evangelho. De novo Deus despertava nele o chamamento à vida missionária.
Um facto, prezado leitor, precipitou os acontecimentos. D. Laborde, Bispo de Blois, acabava de o nomear para assumir o pastoreio de Saint-Rimay. Demasiado pequena era aquela paróquia para aquele coração apaixonado e empreendedor. Perplexo com a nomeação, pensou mesmo em entrar numa Ordem religiosa austera de vida contemplativa. Antes, porém, de dar tão decisivo passo, foi pedir conselho ao P. Mercier, que, depois de o ouvir com atenção, lhe sugeriu uma Congregação missionária: a Congregação do Espírito Santo.
O jovem P. Daniel Brottier, sem mais delongas, sentou-se à mesa e redigiu, no dia 15 de Setembro de 1901, uma carta que enviou ao P. Genoud, mestre de noviços espiritano, na qual dizia: «Sou Padre há dois anos, atualmente professor no colégio de Pontlevoy. Tenciono fazer um retiro sob a sua direção, a fim de estudar a vontade de Deus a meu respeito».
Quando soube do caso, D. Laborde fez questão de reafirmar a nomeação para a paróquia de Saint-Rimay. Seguiram-se alguns meses de sofrimento para o jovem sacerdote, que tomou a posição do seu Bispo como vontade de Deus. Mas não o chamava o Senhor à vida missionária, não lho segredava ao coração desde os 12 anos? Na sua perplexidade, decidiu escrever, no dia 22 de Junho de 1902, ao P. Genoud: «Que pensar desta nomeação que me é feita precisamente no momento de enveredar definitivamente por outro caminho? Trata-se de um apelo de Deus noutra direção, ou simplesmente de um obstáculo? A sua resposta será o que for do agrado da Providência».
Entretanto, D. Laborde acabou por dar o seu consentimento. O P. Brottier podia entrar no noviciado da Congregação do Espírito Santo… Mas eis que novo obstáculo se levanta. Não sabia agora como comunicar a sua decisão à família. Por três vezes, nas férias daquele Verão, tentou fazê-lo, mas sem o conseguir.