Meu Xará, roga por nós

Confesso, cheguei lá pelo nome. Para mim não é fácil encontrar um xará, muito menos na lista dos santos. Mais tarde tive de estudar a sua obra, ele é um dos primeiros apologistas cristãos. Viveu no século II, por isso a sua escrita tem a pureza da proximidade da nascente. Estou a falar de Santo Aristides de Atenas, cuja memória a Igreja celebra a 31 de agosto.

Não sabemos muito dele, a não ser o suficiente. Que ensinou filosofia em Atenas, converteu-se ao cristianismo e escreveu a “Apologia” que dedicou ao imperador Adriano. Nesta obra breve e clara, demonstra a falsidade das religiões e divindades então em voga e defende os cristãos, que apresenta descrevendo o seu comportamento. Digo bem, defende os cristãos. Na sua Apologia, escrita talvez pelo ano 125, o meu homónimo afirma a doutrina cristã mas o seu maior argumento é o comportamento dos cristãos. Elogia a sua retidão moral: “Não levantam falso testemunho, não cobiçam os bens alheios, honram o pai e a mãe, amam aos seus próximos e julgam com justiça.” A caridade: “Não desprezam a vida, não desamparam o órfão. Os que têm compartilham abundantemente com os que não têm. Se veem um forasteiro, acolhem-no sob o seu teto e alegram-se com ele como um verdadeiro irmão, pois não se chamam irmãos segundo a carne, mas segundo a alma…” A piedade: “Estão dispostos a dar as suas vidas por Cristo porque guardam com firmeza os seus mandamentos, vivendo santa e justamente segundo o que lhes ordenou o Senhor Deus. A Ele são dadas graças a todo momento, por toda comida e bebida, bem como pelos demais bens…” Em resumo, “os mandamentos do mesmo Senhor Jesus Cristo trazem gravados em seus corações e são praticados, esperando a ressurreição dos mortos e a vida do século que há de vir.”

Quando tantos cristãos se comportam como os pagãos, falam como os ateus e obedecem aos desorientados, faz-nos falta um santo assim. Que defenda os cristãos com clareza nos argumentos, transparência no comportamento e certeza na verdade.