Ainda na companhia da família de Nazaré, imaginemos esta pergunta colocada a Jesus… a resposta seria, tal como relatam os evangelhos, “o filho de José”, ou ainda, “sou do Zé da carpintaria”.
É certo que 2021 ainda agora começou, mas um dos nomes do ano será certamente o de José!
Homem de quem conhecemos poucas palavras, na verdade, não sabemos muito a seu respeito. Mais do que a sua profissão ou laços familiares com Maria e Jesus, é-nos revelado que era um homem justo!
Ora, se tivermos em conta que, no tempo em que Jesus viveu, a sociedade caracterizava-se por ser patriarcal, percebemos facilmente a importância da figura de José e sobretudo a sua influência na educação de Jesus, afinal, foi este o pai que o recebeu, o acompanhou e o educou. O Papa Francisco no documento que escreveu, aquando do anúncio do ano dedicado a José, apresenta-o destacando o amor, a ternura, a obediência, o acolhimento, a coragem criativa, o trabalho e a sombra.
Define-o ainda como “o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e um guia nos momentos de dificuldade.”
As singularidades de José parecem contrariar tudo o que o mundo atual pede a cada um de nós, talvez por isso a necessidade de Francisco o trazer para a ribalta, como que a inquietar-nos para alinhar as nossas prioridades, os nossos objetivos, as metas que queremos atingir para projetos mais concretos e sustentados. Ao mesmo tempo para percebermos que poderemos ter que reinventar a nossa agenda e que é essa abertura à novidade conjugada com a bagagem que trazemos que constrói a nossa vida.
“Menino, tu de quem és?”
Para aqueles que como eu cresceram ou vivem numa aldeia, e estão habituados a evocar as raízes alinhando os laços que unem e confirmam a pertença, não somente à família, mas à vizinhança, à terra… é fácil perceber que o lugar de onde viemos, a família, as experiências acabarão por moldar a pessoa que somos, os valores que defendemos…
Em tempo de ano novo, num contexto tão peculiar como aquele que nos é dado viver, este exemplo de simplicidade, de acolhimento ao inesperado, esta abundância de coração ajuda-nos a compreender que a vida se tece de aspetos simples e que o que nos move faz a diferença no que somos e pode fazer a diferença na vida daqueles que são nossos ou que nos foram dados, pela família, pelo trabalho, pela amizade…
Para cada um de nós, neste ano a iniciar, fica a pergunta…
De quem somos? Que tesouros carregamos? Onde para o nosso coração?
Um abençoado 2021!