Estamos habituados a ouvir dizer: “aquela pessoa não tem coração”! Todos sabemos, à partida, o que isto significa. Claro que todos têm coração físico mas nem todos conseguem ter coração amoroso. Já o profeta Ezequiel, no seu tempo, exortava a que deixássemos o nosso coração de pedra a fim de termos um coração de carne, um coração humano, um coração sensível, um coração capaz de amar, enfim, um coração ao ritmo bíblico. Uma das palavras mais usadas na Bíblia é a palavra coração. O centro da nossa pessoa. O lugar onde habitam os nossos valores mais altos e onde podem residir os piores sentimentos. O espaço onde se exerce a misericórdia e o amor. Muito mais poderíamos falar da palavra coração, recorrendo à Bíblia.
Será que hoje, temos mesmo coração? Será que usamos o nosso coração para amar, para perdoar, para construir e acima de tudo para nos tolerarmos uns aos outros?
Diz-nos o Santo Padre: “O coração é aberto ao Senhor, não fechado, não endurecido, não sem fé, não perverso, não seduzido pelo pecado. O Senhor encontrou tantas pessoas que tinham o coração fechado: os doutores da Lei, todos os que o perseguiam, que o colocavam à prova para condená-lo… até que conseguiram. O meu coração, como está? Está aberto? Está firme na fé? Ele se deixa conduzir pelo amor do Senhor?”
Hoje vivemos uma crise de coração. Sim. Uma crise, onde muitos homens e mulheres, vivem como não tivessem coração. Uma sociedade sem compaixão, sem amor, sem respeito pelo outro, sem paixão. Sem humanidade. E quando assim é, há espaço para tudo o que é guerra, conflito, discussões, atropelos a tudo quanto é direito humano.
Feliz os puros de coração! Já alguém integrava este desafio de coração nas Bem-aventuranças.
Terminemos com o Salmo 50 onde rezamos ao Senhor que nos dê um coração puro:
Cria em mim, ó Deus,
um coração puro;
renova e dá firmeza
ao meu espírito.
Não me afastes
da tua presença,
nem me prives
do teu santo espírito!
Dá-me de novo
a alegria da tua salvação
e sustenta-me
com um espírito generoso.
Amén