33º Domingo do Tempo Comum
A Palavra do Senhor deste domingo vem lembrar-nos que a firmeza autêntica – foi o tema do domingo anterior – é irmã siamesa, isto é, inseparável da perseverança. Com efeito, se já é difícil ser herói por um momento, muito mais difícil e exigente é ser-se firme e fiel em todo o tempo, sejam quais forem as circunstâncias.
Por isso, já o profeta Malaquias sentiu a necessidade de lembrar aos seus contemporâneos que o Senhor virá pôr fim ao reinado dos “soberbos e malfeitores”, não lhes deixando “raiz, nem ramos”, nascendo então para os fiéis “o sol da justiça”, que trará “nos seus raios a salvação”.
E o Senhor Jesus não esconde aos seus discípulos de todos os tempos que é pela perseverança que serão salvos, pois hão de ser perseguidos e entregues “às sinagogas e às prisões” até pelos próprios “pais, irmãos, parentes e amigos”. Por isso, lhes e nos garantiu que estará sempre connosco.
Esta linguagem parece desajustada para estes tempos de liberdade religiosa, pelo menos no contexto em que vivemos. A verdade, porém, é que ainda hoje há cristãos – noutros contextos, é verdade – que são perseguidos e mortos por professarem a sua fé. Mas, bem pior que a destruição do Templo de Jerusalém, símbolo da cultura judaica, é o “secularismo e laicismo agressivo”, que, como afirmou Bento XVI, grassa no continente europeu e que sistematicamente pretende derrubar os pilares da cultura europeia, minando os seus fundamentos. Basta lembrar as legislações sobre aborto, divórcio, casamentos homossexuais, ideologia do género, eutanásia, etc.
E pelo facto de não estarmos confrontados com uma oposição frontal e violenta, nem por isso se torna mais fácil a tarefa de resistirmos a esta invasão lenta, branda e silenciosa de semelhante “secularismo e laicismo agressivo”.
Importa, por isso, reforçar a nossa vigilância – outra das características do cristão – mantendo-nos, como diz S. Paulo, ocupados, empenhados e, até, preocupados, sem nos entregarmos à “ociosidade” ou a enchermos o nosso dia-a-dia com “futilidades”. E, neste campo, não há crise de falta de emprego e de novas oportunidades para nos empenharmos em fazer o bem e ajudar os que vacilam, seja qual for a nossa idade ou as limitações que carregamos!
De facto, não faltam nos textos do Novo Testamento apelos a esta perseverança: “O que perseverar até ao fim será salvo” (Mt. 10, 22); “Perseverai no Evangelho recebido” (1Cor. 15,1); “Tendes necessidade de constância para cumprir a vontade de Deus” (Heb. 13,1); “o Senhor é fiel e vos confirmará” (1Tes.5,23-24); “Se perseverarmos com Ele, com Ele reinaremos” (2Tim. 2,12).
Só vivendo plenamente cada domingo – o dia do Senhor – é que teremos capacidade para aguardar vigilantes, firmes e com “jubilosa esperança” o DIA DO SENHOR, isto é, “a última vinda de Cristo Salvador”!