Não foi fácil despedir-se da família. Mas a voz de Deus era mais forte do que tudo. Teve de viajar até Paris, pois o noviciado espiritano estava situado em Orly, nos arredores da capital. A 29 de Setembro de 1902, iniciou o seu ano de noviciado. Foram doze meses de vida austera, mas que ele viveu de boa vontade, seguindo sem exceção o regulamento normal. Neste tempo de iniciação à vida religiosa missionária e de aprofundamento da vida espiritual, não deixou nunca de manter o seu espírito alegre, rindo e fazendo rir os mais nas horas de recreio. Um dia, o P. Lithard disse-lhe: «Ah! Padre Brottier! Faríeis, creio, rir o próprio diabo!»
No fim do noviciado, feito o discernimento vocacional, os noviços fazem a sua consagração a Deus mediante a profissão dos votos de castidade, pobreza e obediência. Mas, para tal, têm de enviar um pedido de admissão ao Superior Geral. Pela densidade de fé e de motivação, apraz-me, amigo leitor, partilhar consigo o pedido que o P. Brottier enviou a Monsenhor Le Roy, então Superior Geral da Congregação:
«Sou Padre. Tenho 27 anos e um pouco de boa vontade. Quanto às aptidões, nunca brilhei em nenhum género. A minha saúde, se não é muito brilhante, não me impediu até aqui de ir e vir como os demais mortais e estou convencido que a vida ativa do missionário ao ar livre me convirá.
«Ao entrar na Congregação do Espírito Santo, tive em vista tanto as missões como a vida religiosa, não querendo ser missionário sem ser religioso, com a ideia subjacente de não ser religioso sem ser missionário.
«Estudei e creio ter compreendido a dimensão das obrigações da vida religiosa na Congregação. A caridade sobretudo, a simplicidade, a obediência cega. E espero, com a ajuda de Deus, que poderei, apesar de certos defeitos que não foram completamente desenraizados durante o ano de noviciado, não ser pesado para os meus superiores e confrades de amanhã.
«Quanto à vida missionária, sempre a encarei desde os doze anos, como a vida de um homem que quer sacrificar-se e imolar-se pela salvação das almas – depressa ou gota a gota, não importa! No entanto, se me fosse permitido exprimir a minha preferência, esta seria pela primeira eventualidade. Não queria ser presunçoso, mas, se tendes um posto mais perigoso, onde seja necessário arriscar alguém, digo-vos muito simplesmente: aqui estou».