Domingo de Páscoa
Esta narrativa dos “discípulos de Emaús”, exclusiva de S. Lucas, contém, também para nós hoje, uma mensagem atual e desafiante!
Mais que o seu valor topográfico – nem é fácil encontrar a localização desta povoação -, o evangelista aponta-nos para os numerosos e sempre atuais ‘caminhos de Emaús’, pois são cada mais numerosos os nossos contemporâneos que se encontram a percorrê-los, cristãos inclusive. Com efeito, afirma o Papa Francisco, “este drama dos discípulos de Emaús é como um espelho da situação de muitos cristãos do nosso tempo. Aparentemente, a esperança da fé falhou. A própria fé entra em crise por causa de experiências negativas que nos levam a nos sentirmos abandonados pelo Senhor”. E – sabemo-lo bem – caminhos de desilusão, de tristeza e de desânimo, são caminhos que desembocam inevitavelmente nas alienações da droga, do prazer, do suicídio, da marginalização e da violência, se por aí não aparecerem missionários da Ressurreição. Urge, pois, que haja cristãos autênticos que se disponham a caminhar com eles, de forma a poderem inverter o rumo da sua caminhada e o façam de forma apressada, com o fogo da Ressurreição no coração e nos lábios.
Mas só nos tornaremos esses ‘missionários da Ressurreição’ se entrarmos em diálogo com Jesus ouvindo a sua palavra: “Também hoje Ele parte o pão para nós e se dá como nosso pão. Assim, o encontro com Cristo ressuscitado, também possível hoje, dá-nos uma fé mais profunda e autêntica, temperada, por assim dizer, pelo fogo do acontecimento pascal; uma fé sólida, porque não se alimenta de ideias humanas, mas da palavra de Deus e da sua presença real na Eucaristia”.
Paulo, por sua vez, na sua Carta aos Colossenses, aponta-nos o caminho a seguir: “aspirai e afeiçoai-vos às coisas do alto”. E “aspirar” não é apenas desejar, de forma vaga e ingénua. Tem, antes, a ver com os movimentos respiratórios (inspirar/expirar), apontando assim para a sua importância, tão vital como a própria respiração. Significa, por isso, tender para algo, com empenho e determinação, mexendo e envolvendo todo o ser e toda a vida. Por outro lado, só afeiçoando-nos às ‘coisas do alto’ é que não nos cansaremos de ser ‘companheiros de viagem’ dos nossos irmãos desiludidos e desanimados.
Não é, pois, de mais transeuntes desses ‘caminhos de Emaús’ que o mundo de hoje precisa! Faltam, sim, homens e mulheres que iluminem os caminhos dos homens com a Luz da Ressurreição de Cristo, que lhes restituam a esperança e a alegria de viver, que sejam capazes de contagiar tudo e todos com a vida nova que jorra com abundância das fontes da Ressurreição! Possa o Senhor Jesus Ressuscitado contar com cada um/a de nós para esta missão de ‘companheiros de viagem’!