18º Domingo do Tempo Comum
O maná foi a resposta de Deus às reclamações dos israelitas, revoltados com a situação de enorme carência em pleno deserto e com saudades dos tempos do Egipto, onde, pelo menos, não lhes faltava alimento para se fartarem e, assim, compensar a condição de escravos.
A curiosidade e a esperança de que Jesus continuasse a fornecer-lhes comida levavam a multidão dos que tinham sido por Ele alimentados, a continuar a procurar o Mestre. Só que Jesus rapidamente lhes dissipa esta ilusão, apontando-lhes para outro alimento, o verdadeiro maná “que desce do Céu para dar a vida ao mundo”. Todavia, os ouvintes continuavam no primeiro registo, mesmo quando Lhe respondem: “dá-nos sempre desse pão”.
É natural que todos preferíssemos um Cristo que nos resolvesse os problemas, nos isentasse de dificuldades e nos facilitasse a vida. Mas esse não é o pão que o Pai do Céu nos envia na pessoa do seu Filho: o verdadeiro Cristo não nos facilita a vida, mas dá-nos o exemplo, a força e a coragem para enfrentarmos todos os desafios, oferecendo-nos um sentido para a vida!
De facto, reduzir as necessidades do ser humano ao alimento do corpo e àquilo a que chamamos ‘bem-estar’ material é o risco de todos os tempos, provavelmente mais acrescido nos dias de hoje. Àqueles que na vida procuram apenas esse bem–estar chama Paulo ‘pagãos’ e recomenda aos cristãos que não voltem a essa ‘futilidade’.
De facto, é com ‘futilidades’ que, muitas vezes, procuramos enganar e preencher o enorme vazio que invade o nosso coração. Mas é particularmente grave reduzir os horizontes educativos das futuras gerações, não as abrindo aos horizontes largos do voo das águias e à imensidão das viagens pelo alto mar da vida, confinando-as e encharcando-as apenas com a satisfação dos gostos e prazeres imediatos.
É para aqui que S. Paulo aponta ao afirmar que conhecer verdadeiramente Cristo leva necessariamente a “abandonar a vida de outrora”, a “pôr de parte o homem velho” com as suas futilidades, a renovarmo-nos “pela transformação espiritual da inteligência” e a “revestirmo-nos do homem novo, criado à imagem de Deus na justiça e santidade verdadeiras”.
A nós, cristãos, que proclamamos que o Senhor abre generosamente a mão e sacia a nossa fome, compete-nos levar até Cristo os nossos irmãos, Ele que afirmou: “quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede”, pois só Ele pode saciar plenamente as nossas fomes!
Para isso, comecemos nós por saborear “como o Senhor é bom”, comungando em cada Eucaristia, e assim podermos testemunhar que Ele sacia mesmo as nossas fomes e não continuarmos a encher os nossos dias com meras “futilidades”.