Segundo um filósofo Grego, Heráclito, a única coisa que está sempre em causa, e que não pode mudar, nem deixar de ser, é a mudança. A verdade encontra-se entre o espaço e o tempo e nada é simplesmente o que é. Um dos assuntos altamente falados nos dias de hoje e que preocupa os filósofos da atualidade é o sentido, o significado e a verdade das coisas.
Este artigo embora não seja um tratado espiritual, nem filosófico, pretende refletir acerca das perspetivas espirituais e filosóficas que a palavra mudança comporta. Heráclito afirmou na sua filosofia de (panta rhei), isto é, tudo ou todas as coisas mudam, que “A vida é um fluxo”. Se entendermos que a mudança é o único fator constante na vida, então compreenderemos sem problemas a afirmação de Heráclito de que “o caminho para cima e o para baixo é a mesma coisa. Viver e morrer, acordar e dormir, jovens e idosos… Tudo isso é a mesma coisa; pois estão todos sujeitos a alterações. Surgem de uma mudança e acabam noutra. O único constante na vida é a mudança.”
O tempo da quaresma que vivemos é também o tempo de mudança por excelência. A quaresma com o seu convite de oração, penitência, jejum e caridade também nos faz pensar na inevitabilidade da mudança. Uma quaresma bem vivida ajudar-nos-á a rever a nossa vida à luz desta mudança que tudo enlaça: as subidas e descidas da vida.
A mudança social é fundamentada nos valores de vai-e-vem das coisas e das pessoas. Nos últimos cinquenta anos, a Europa viu-se a perder o seu lugar no mundo como aquele continente que marcava o ritmo das coisas à escala mundial. Face ao desenvolvimento de muitos países emergentes fora do espaço europeu, a integração interna e o derrubamento das barreiras comerciais, diplomáticas e económicas entre os estados membros parece uma boa compensação das perdas de influência que a Europa vive hoje.
São evidentes os benefícios de integração Europeia através de União e do acordo de Schengen, mas o futuro nos dirá, a longo prazo, se é o melhor caminho para os estados membros. Estas mudanças, como é óbvio, têm provocado choques entre os membros: uns que pretendem uma Europa à la carte e outros mais conservadores.
Não existem dúvidas de que a Europa está em mutação. O que pode não estar suficientemente certo é se o homem Europeu, nascido e criado na Europa, se tem apercebido dos contornos de tais mudanças. Infelizmente, a Europa tem-se preocupado mais com a permanência no mando do que no progresso, na prosperidade mais do que na liberdade e no crescimento económico mais do que na evolução cultural e intelectual.
A realização que tudo muda nem sempre é uma ocorrência confortável por qualquer meio e talvez nunca será. Embora a mudança venha com ou traga alegria, ela também surge com tristeza; mas é a sorte dos homens.
Simon Ayogu