4º Domingo do Tempo Comum
Em tempos de fantásticos avanços tecnológicos, que nos permitem ligações instantâneas e diretas para entrarmos em contacto seja com quem for e em qualquer parte do mundo, é grande a tentação de impormos a Deus as nossas opções para nos relacionarmos com Ele: “não preciso de ir à igreja para falar com Deus”; “confesso-me diretamente a Deus” – afirmações como estas ouvimo-las de muitas bocas e proferidas com toda a convicção e segurança!
Se é verdade que a preferência do povo judeu por um intermediário tem muito a ver com a terrífica experiência do Sinai, o facto é que a decisão final pertence a Deus, que se decide pela via do profetismo. Com efeito, a “economia da salvação”, por Deus gizada, assenta no profetismo, por ser a forma mais adaptada à nossa condição humana e, por isso, a que mais nos convém: “Eles têm razão; farei surgir para eles, do meio dos seus irmãos, um profeta como tu”. Daí que estejam também apontadas as atitudes fundamentais quer do profeta, quer daqueles a quem é enviado: do primeiro requer-se que seja fiel a quem o envia, e dos destinatários que o escutem atentamente, pois é Deus quem lhes fala no e pelo profeta.
Na verdade, os Profetas marcaram a vida do Povo eleito até à vinda de Cristo, Aquele em quem e por quem Deus pronunciou a sua palavra definitiva: Ele é o Verbo de Deus! Ele é, diríamos nós, a linha única e a central telefónica obrigatória que permite pormo-nos em contacto com Deus.
Pelo Batismo, tornamo-nos participantes do Profetismo de Cristo: com Ele também nós somos profetas, sacerdotes e reis. Mas, para falarmos em nome de Deus, precisamos primeiro de O ouvir e pelos meios que Ele próprio decidiu. É que, se não utilizamos a linha correta, corremos o risco de nos escutarmos a nós próprios e, depois, falamos de nós e não de Deus!
Como exercemos nós a nossa missão profética é, pois, pergunta oportuna para o dia de hoje, da qual não nos devemos dispensar, não esquecendo que “o homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, ou, então, se escuta os mestres é porque eles são testemunhas” (Ev. N. nº 41).
Hélder Câmara, João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Papa Francisco são a prova de que o mundo de hoje escuta mesmo os verdadeiros profetas! Apareçam eles e em abundância!