1º Domingo do Advento
Com o Advento, tem início novo ano litúrgico e, como qualquer começo, ele apresenta-se carregado de esperanças.
O seu primeiro tempo – Advento – é mesmo terra de Esperança, pois ele prepara-nos não apenas para comemorar o nascimento de Cristo, mas, através da consolidação da certeza da sua primeira vinda pretende também encaminhar-nos para a sua vinda última – em que Ele aparecerá coberto de glória como Rei vitorioso.
E o caminho a percorrer para essa última vinda é uma atenção cada vez maior às suas vindas no dia-a-dia das nossas vidas, através da vigilância, da oração, da atenção aos irmãos, da caridade. Numa palavra, através de um estilo de vida que impeça o nosso coração de se tornar pesado, pois a Esperança cristã é ativa: para acolher o Senhor da glória, precisamos de lhe abrir as portas do nosso coração e afastar a devassidão, a embriaguez e as excessivas preocupações da vida, crescendo e abundando na caridade, progredindo constantemente nos caminhos do bem.
Daí o convite “abri de par em par as portas”. Mas, abrir de par em par as portas é hoje desafio bem difícil de aceitar, dada a insegurança e a desconfiança que presidem às nossas relações, as quais, por isso mesmo, se vão restringindo a um número cada vez mais reduzido de amigos.
É verdade que o convite é feito em relação a Cristo. Só que, abri-las a Ele, implica abri-las igualmente a todos, particularmente aos pobres, aos doentes, aos que vivem mergulhados numa solidão imensa, aos descartados da sociedade, mas sem as fechar a ninguém.
Porque terra de esperança, o Advento é assim terra de missão. Num tempo e numa sociedade em que o comodismo, a instalação e o consumismo impõem o seu peso, imperioso se torna que nós, cristãos, elevemos os horizontes abafadiços em que vivemos, apontando aos nossos irmãos Aquele que virá “numa nuvem, com grande poder e glória”. Para aqui nos aponta o ‘Ano Missionário’, decidido pelos nossos Bispos.
Com efeito, vivendo nós num tempo em que as esperanças num futuro melhor são cada vez mais ténues e, por isso mesmo, a humanidade mergulha num presente atafulhado de coisas, de bens, de prazeres, de ruídos e de pressas, tentando encher e iludir o vazio que só o Senhor do presente e do futuro pode preencher, nós, cristãos, somos chamados a dar testemunho desta Esperança cristã, que, assente na certeza da vinda salvadora de Cristo, nos permite dar outro rumo e outro sentido às nossas vidas.
Por isso, mesmo que sejam muitas as portas do nosso coração a abrir de par em par, vale a pena empenharmo-nos em fazê-lo, para que possamos ir ao encontro de Cristo! Perguntemo-nos, pois, que portas vou/vamos procurar abrir ao Senhor ao longo deste novo ano.