Abraçar a Missão em S. Tomé e Príncipe
Olá , Olá…
Foi a palavra que mais marcou este mês em S. Tomé e Príncipe. Os sorrisos, a alegria, o acolhimento, a esperança daquele povo são coisas que jamais se esquecerão. Um povo cheio de necessidades, com falta de tudo, mas que nos ensina que apesar das adversidades da vida, a vida continua. Não há lamentos, há resignação. A vida não é fácil, mas tem de seguir. Tanto nos ensinaram!…
Nas várias áreas que atuamos, tudo falta.
Na formação, cívica e religiosa, há sede de aprender, abertura e disponibilidade para mais e mais. O nível de conhecimento é muito básico a nível escolar. A nível religioso já se veem mais conhecimentos. Trabalhámos com acólitos, catequistas e escuteiros.
Na agricultura e construção, o maior problema é a falta de materiais e de recursos. Os poucos existentes estão a um preço fora do normal, para aquela realidade, com um nível de vida muito caro e baixos ordenados.
Na área da saúde, a mais lesada, falta tudo. Falta formação das pessoas que trabalham na área (médicos e enfermeiros). Faltam meios, instalações e materiais muito rudimentares. Falta medicação.
As mazelas são muitas. Infeções urinárias, infeções de olhos e ouvidos, dores de estômago, de rins, febre tifóide, elefantíase (pé de elefante) são alguns dos males mais correntes por aqueles lados. Derivam em grande parte da falta de higiene, das faltas de condições habitacionais, da falta de recursos…
O clima, quente e húmido, não favorece. Nalguns lados já há água canalizada, mas nem todos têm poder de compra para adquirir. Não há saneamentos. As habitações, na sua maioria, são muito precárias. A electricidade vai aparecendo. Neste último ano já chega a grande parte da população, apesar de haver muitas falhas. Mas nem todos têm rendimentos para a colocar em casa. As famílias têm muitos filhos e poucos rendimentos para o seu sustento a nível físico e escolar.
Fomos acolhidos, na cidade das Neves, pelas irmãs Franciscanas Hospitaleiras. São elas, que nestes vinte anos, tem ajudado a crescer este povo, a todos os níveis. Neste momento já existe uma carpintaria que se sustenta a si mesmo. Os trabalhadores têm muitas encomendas e recebem seu salário pelo trabalho realizado. Existe uma costura, também com muitos trabalhadores, já sustentável. Há uma loja de artesanato, com colaboradores que executam os trabalhos lá existentes.
Existe um lar de idosos, criado pelas irmãs. Neste país, os idosos nem sempre são bem vistos e são colocados de lado. Por vezes são mal tratados e postos na rua. A irmã Lúcia, abriu um lar para os acolher e cuidar.
Na comunidade das Neves, onde estivemos, a irmã Lúcia, também construiu uma creche e uma escola. Muitas vezes, as crianças vão à escola sem nada terem comido. É-lhes oferecida uma refeição, que, em muitos casos, é a única do dia. O nosso maior projeto neste “Abraçar a Missão” é a construção da cozinha/refeitório social, que vai fornecer 1200 refeições diárias. Quando lá chegámos, esperávamos o terreno pronto a trabalhar, com projeto da obra e materiais… mas as coisas não estavam como prevíamos. Todavia, tudo foi superado e a obra nasceu e está a crescer. Prevemos, daqui a um ano, a sua conclusão. Mas, para isso, precisamos de muitos mais fundos, materiais e acabamentos. Assumimos o compromisso de continuar a trabalhar cá para ser possível a sua conclusão. Para que o mesmo suceda, vamos continuar com actividades e angariação de fundos. Contamos com ajuda de todos.
Bem hajam.
Susana Bandeira
Construção do Refeitório Social – Lançamento da 1ª pedra
As experiências de voluntariado de curta duração não podem ficar só adstritas ao tempo enquanto lá estivermos. Faz todo o sentido que essas experiências se prolonguem no tempo e marcam a comunidade que nos acolheu.
Foi o caso do projecto Abraçar a Missão 2018, realizado no passado mês de Agosto.
Abraçámos, desde a primeira hora, um apelo gritante lançado pelas Irmãs Franciscanas que estão no terreno e que conhecem muito bem as reais necessidades.
Assim, lançámos mãos à construção do Refeitório Social para possibilitar confeccionar e servir 1.200 almoços a crianças desnutridas e a idosos abandonados pelas famílias.
Está orçado em 55 mil euros. Já temos um fundo e a promessa de várias empresas em colaboraram duma forma solidária.
Lançámos a 1ª pedra e iniciámos a construção com a equipa que ficou destinada a esta área. Agora temos de angariar mais fundos para podermos concretizar este sonho.
Para isso, todos os membros do Projecto Abraçar a Missão vão-se empenhar neste projecto.
E assim se faz missão com compromisso e proximidade.
…..Portugal……..São Tomé e Príncipe, foi aqui neste país que aterrei e ainda não consegui descolar.
Quando cheguei, um calor húmido, uma mistura de sentimentos que entreguei-me ao chamamento de DEUS, ao seu SIM e com a presença incondicionável do AMOR a MARIA.
Deparei-me com uma realidade, como era possível haver tanta Alegria, no meio de tanta miséria? Com tão pouco se pode ser tão feliz. Todos os dias era contagiada com alegria, os belos sorrisos daquelas crianças que mal tinham para vestir, o olhar, os gestos, tudo isso enchia-me o coração.
Comigo levava a bagagem cheia de Alegria e despojada de tudo e com o coração aberto para que Jesus entrasse em mim,
Existem pessoas que vivem em condições desumanas, sem saneamento, com deficiências alimentares e com problemas de saúde…..dentro de mim dói…..como Cristã, não posso ficar indiferente perante tanto sofrimento humano.
Estando na área da saúde, as necessidades são muitas, mas sentia-me feliz, dia após dia, convencia-me que não há maior alegria do que servir. O que mais me alegrava além de tratar feridas físicas e feridas provocadas pela dureza que a vida dá, foi o relacionamento com o outro. Tudo fazia para o próximo com Amor e Carinho, sentir e ver Jesus em todo o momento.
Saudades…..sim, uma Igreja alegre, as celebrações eucarísticas, a alegria daquele povo em louvar o Nosso Senhor, uma Juventude que cativa, sem tempo…
Tantas vezes emocionei-me, cada dia que passava sentir que o meu lugar era ali……. fazer o bem.
Deus chamou, e sou feliz por cumprir a vontade Dele.
Foi um mês de missão, de partilha fraterna, de muita entrega, dedicação, alegria, todos os dias com vontade de fazer mais.
Bem haja.
Catarina Fontaínhas
Há medida que percorremos as ruas de S. Tomé e Príncipe sentimos a força de um povo, que caminha sem conta quilómetros para trabalhar nas Roças, nas Construções e no mar. Vamos avançando por entre a estrada que nos faz saltar dentro do Jipe, e observamos agora as mulheres que nos olham de forma tímida e que sorriem com as bacias à cabeça e o seu filho preso as costas, por um tecido gasto de Capulana.
Vamos avançando ao longo da estrada e vimos agora as pérolas de S. Tomé e Príncipe, as crianças. Elas acenam veemente como se nos conhecessem desde sempre e correm ao ritmo do andamento lento do Jipe. Elas são o bem mais precioso desta Ilha, têm o futuro no horizonte e a vontade no seu olhar.
Há muita coisa a fazer e a trabalhar, sobretudo nas áreas de Educação e Saúde. A Obra das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras é um Oásis no meio desta Ilha que falta apoio ao nível social, em específico, aos Idosos e Crianças e uma das valências destas irmãs, consiste no garante de 1200 refeições diárias. Para isso, o legado deste grupo é a construção de um Refeitório Social, que dará melhores condições à confeção das mesmas. Esta obra contará com a parceria da Sol Sem Fronteiras, como entidade gestora da Execução física e financeira do Refeitório.
Por fim, tenho de destacar a força e o vigor da Juventude, que não desiste de lutar pelos seus objetivos, de se formarem e terem melhores condições de trabalho. Estiverem sempre com muito interesse nas formações. Os Acólitos, grupo de acompanhei na fase final do curso, permitiu-me constatar tudo isto.
Agora de regresso às origens fica a alegria de termos feito parte deste povo, que tão bem nos acolheu. Fica a saudade de voltar, de viver e de estar com as pessoas, aquilo que ficará sempre nas nossas memórias.
Mónica Ferreira