É uma edição bilingue, o que constitui uma novidade editorial. Andrea Assaf é uma jornalista especializada em assuntos vaticanos (vaticanista), com obra publicada em diversos órgãos de comunicação. Divide os seus dias e o seu trabalho jornalístico entre os Estados Unidos e a Itália. Acompanha os Papas desde João Paulo II, tendo grande conhecimento e experiência acumulada por algumas décadas de trabalho jornalístico especializado.
Esta obra tem o mérito de apresentar, em inglês e português, muitas citações do Papa Francisco, recolhidas pela compiladora. Explica, em breve nota, uma das razões que a levou a investir muitos dias na leitura dos textos do Papa para escolher os que agora publica: ‘Há algum tempo que desejava que existisse uma obra com uma seleção de citações inspiradoras do papa Francisco que pudesse trazer consigo nos transportes, durante o dia de trabalho ou em momentos de lazer’ (p.11). Aí está.
Os textos escolhidos são apresentados sob o chapéu de grandes temas: ‘Esperança e Alegria’, ‘Fé e Oração’, ‘Igreja e Evangelização’, ‘Amor e Verdade’, ‘A Viagem da Vida’, ‘Família’, ‘Construir um Mundo Melhor’, ‘Escutar Deus’, ‘Humildade e idolatria’, ‘Perdão e Graça’, ‘Dignidade Humana, Sofrimento e Solidariedade’, ‘as Lições da Cruz’.
Ressalto algumas das frases que mais marcaram a minha leitura: ‘proteger a criação, proteger cada homem e cada mulher, cuidar deles com ternura e amor é abrir um horizonte de esperança. É deixar um raio de luz irromper por entre as nuvens negras; é trazer o calor da esperança’ (p.17).
‘Temos que recuperar a esperança dos jovens, ajudar os idosos, estar abertos ao futuro, espalhar o amor. Ser pobres entre os pobres. Precisamos de acolher os excluídos e pregar a paz’ (p.29).
‘Ter fé não significa não ter dificuldades, mas ter força para as enfrentar sabendo que não estamos sós’ (p.33).
‘Rezai sempre, não para convencer o Senhor através da força das palavras, mas como expressão de fé em Deus que convida a combater ao Seu lado, todos os dias, a todo o momento, para ultrapassar o Mal e o Bem’ (p.45).
‘Que a Igreja seja lugar da misericórdia e esperança em Deus, onde todos se sintam acolhidos, amados, perdoados e encorajados. A Igreja deve ter as portas abertas para que todos possam entrar. E nós temos de sair por essas portas e proclamar o Evangelho’ (p.51).
‘Prefiro uma Igreja magoada, dorida e suja porque andou pelas ruas do que uma Igreja doente porque está confinada e agarrada á sua própria segurança. Não quero uma Igreja preocupada em ser o centro da tudo e que acaba presa num emaranhado de obsessões e formalidades’ (p.56).
‘Praticar a caridade é a melhor forma de evangelizar’ (p.62). ‘Um evangelizador nunca deve parecer alguém que acabou de vir de um funeral’ (p.67).
‘É isto que vos peço: sede pastores com ‘cheiro a ovelha’, fazei disso uma realidade, como pastores no meio do vosso rebanho, como pescadores de homens’ (p.70).
‘Há duas condições para seguir Jesus: escutar a voz de Deus e pô-la em prática. Assim é a vida cristã, nada mais do que isto’ (p.80).
‘Não consigo imaginar um cristão que não sabe sorrir. Sejamos testemunhos alegres da nossa fé’ (p.86).
‘Não somos cristãos em part-time, apenas em certos momentos, em certas circunstâncias, em certas decisões; ninguém pode ser cristão desta forma – somos cristãos a tempo inteiro! Totalmente! (p.96).
‘O que importa, na arte de viajar, não é cair, mas não ficar no chão. Erguei-vos bem e segui em frente. É este que é belo: este trabalho diário, esta viagem enquanto humanos’ (p.116).
‘Quero repetir estas três palavras: por favor, obrigado, desculpa. Três palavras essenciais!’. (p.125).
‘A família é o maior tesouro de qualquer país. Façamos por protege-la e por fortalece-la. A pedra angular da sociedade’ (p.136).
‘Podemos fazer muito pelo bem dos mais pobres, dos fracos e dos que sofrem, para promover a justiça e a reconciliação, para construir a paz’ (p.154).
‘A guerra arruína tudo, até os laços entre irmãos. A guerra é irracional, o seu único plano é espalhar a destruição: ela procura crescer destruindo’ (p.158).
‘Sempre que encontramos outra pessoa apaixonada aprendemos alguma coisa nova sobre Deus’ (p.167).
‘O Senhor está a bater à porta dos nossos corações. Será que penduramos um letreiro na porta a dizer ‘não incomodar’?’ (p.170).
‘Se alguém tiver a resposta para todas as questões – essa é a prova de que Deus não está com ele. Significa que ele é um falso profeta que usa a religião para si próprio’ (p.187).
‘Quando uma Bolsa cai 10 pontos em certas cidades, isso constitui uma tragédia. Alguém que morre não é notícia, mas uma quebra de 10 pontos no lucro é uma tragédia! Desta forma, as pessoas são postas de parte como se fossem lixo.’ (p.195).
‘Um pouco de misericórdia torna o mundo menos frio e mais justo’ (p.203).
‘A conversão é uma graça. É uma ‘visita’ de Deus’ (p.209). ‘A caridade e o amor são uma escolha de vida, uma forma de ser, são o caminho da humildade e da solidariedade’ (p.228).
‘É preciso afirmar, sem meias-palavras, que existe um vínculo inseparável entre a fé e os pobres. Que nunca os abandonemos’ (p.230).
‘Como o Bom Samaritano, que não tenhamos vergonha de tocar nas feridas dos que sofrem, mas tentemos sara-las com verdadeiros atos de amor’ (p.232).
‘Sede membros ativos! Entrai ao ataque! Jogai pelo campo fora, construí um mundo melhor, um mundo de irmãos e irmãs, um mundo de justiça, de paz, de fraternidade, de solidariedade. Jogai sempre ao ataque!’ (p.237).
A autora termina com um desejo: ‘Que este livro permita que levemos connosco o Papa Francisco nas nossas viagens diárias como confidente, companheiro de jornada e guia’ (p.12).