5º domingo do tempo pascal
É uma autêntica onda (ou ‘ola’) missionária aquela que, partindo dos textos deste domingo, foi ‘apanhando’ a Igreja ao longo dos séculos e hoje também a nós quer envolver!
Se é verdade que sempre encontrou resistências, também não é menos verdade que nunca faltou o exemplo e entusiasmo de alguns (como Paulo e Barnabé) para a todos nos arrastar para o dinamismo missionário, que é a identidade da Igreja e de todos os seguidores de Cristo: “como o Pai me enviou, também vos envio a vós”.
O segredo para este dinamismo, capaz de enfrentar e ultrapassar todos os obstáculos – “temos de sofrer muitas tribulações para entrarmos no reino de Deus” – reside na visão do “novo céu e da nova terra”. É essa visão que nos permite, como e com Cristo, encarar a cruz como a nossa ‘glorificação’ e não nos deixarmos enredar pelo mundo presente e seus encantos, pois são como se já não existissem. Na verdade, para nós, a realidade definitiva é esta: “Deus habitará com os homens: eles serão o seu povo e o próprio Deus, no meio deles, será o seu Deus. Ele enxugará todas as lágrimas; nunca mais haverá morte, nem luto, nem gemidos, nem dor”.
Por isso, procuramos pautar o nosso relacionamento uns com os outros não pelos critérios do poder, da riqueza ou do interesse, mas pelo mandamento do amor: “como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. E Jesus afirma que é por este critério que seremos identificados como seus discípulos e não pela mera prática religiosa, como correntemente acontece.
Para esta ‘ola’ missionária nos tem impulsionado repetidas vezes e vigorosamente o papa Francisco desde a sua Exortação Apostólica ‘A Alegria do Evangelho’, na qual nos propõe uma Igreja sempre ‘em saída’. Escutemo-lo: “hoje todos somos chamados a esta ‘saída’ missionária”. “Fiel ao Modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evangelho a todos, em todos os lugares, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo”. “Constituamo-nos em ‘estado permanente de missão’ em todas as regiões da Terra”. “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo”.
O mesmo apelo foi repetido na proclamação do próximo mês de ‘Outubro missionário´: “a aproximação do seu [encíclica Maximum Illud] centenário sirva de estímulo para superar a tentação frequente que se esconde por detrás de cada introversão eclesial, de todo o fechamento autorreferencial nas próprias fronteiras seguras, de qualquer forma de pessimismo pastoral, de toda a estéril nostalgia do passado, para, em vez disso, nos abrirmos à jubilosa novidade do Evangelho… Também nos nossos dias seja levada a todos, com ardor renovado e infunda confiança e esperança, a Boa Nova de que, em Jesus, o perdão vence o pecado, a vida derrota a morte e o medo e triunfa sobre a angústia”.
Entremos nós também entusiasticamente nesta ‘ola’ missionária, e não ficaremos indiferentes a estes apelos do Santo Padre!