5º Domingo do Tempo Comum
Num tempo em que, até os crentes exigem a compreensão racional da sua fé ou se arrogam o direito de lhe ditar as medidas, a Palavra do Senhor deste domingo leva-nos, através de Isaías, de Pedro e de Paulo, até ao alto mar da fé autêntica.
Em Isaías, é a contemplação da majestade de Deus que o leva a uma disponibilidade total – envolta no reconhecimento da sua pequenez – para ser enviado pelo Senhor, sem perguntar para onde, quando ou para quê.
Pedro, por sua vez, não invoca a sua especialização na ciência da pesca para recusar a ordem de Jesus. Pelo contrário: é conscientemente que abdica desta sua competência para lançar de novo as redes – “já que o dizes”. E Paulo recorda aos cristãos de Corinto o núcleo central da sua fé: a ressurreição de Cristo, também por ele comprovada e donde tirava a força e coragem para se gastar ao serviço do anúncio do Salvador.
Fé, indignidade e missão constituem, assim, uma trilogia verdadeiramente inseparável.
Estes é que são os caminhos da verdadeira fé, aqueles que nós também hoje somos chamados a percorrer. Mas, para isso, bom seria que as nossas celebrações, principalmente as eucarísticas, nos levassem a colocar a nossa pequenez à disposição do Senhor, numa aceitação incondicional da sua vontade, alicerçada não nas nossas competências, mas apoiada apenas na Sua palavra – “já que o dizes”.
Isto só será possível se navegarmos com Jesus na nossa barca e se acolhermos com docilidade a sua palavra, na proporção inversa às hipóteses de sucesso, que parecem cada vez mais diminutas. É que, aqui, as probabilidades de êxito não têm a ver com a abundância do peixe, mas com a grandeza da nossa fé!
Com efeito, é mais fácil ficarmo-nos pela lamentação e condenação do mundo de hoje, do que nos decidirmos a ser ‘pescadores de homens’ inteiramente à disposição do Senhor! Por isso, é também para nós, hoje, a ordem de Cristo: “faz-te ao largo e lança as redes para a pesca”!