Pode-se afirmar que a globalização financeira é um desdobramento da globalização real ou globalização geral que, por sua vez, “pode ser entendido como a direção na qual e para o qual o mundo considerado como um todo está se dirigindo” (Velho, O. 1997). Ele pensa a globalização como um objeto, uma perspetiva e uma direção. Segundo esta ótica, será legítimo perguntar se não se trata de localização ou ocidentalização, uma vez que uma direção ou perspetiva tem sempre um ponto de partida.
A globalização financeira, por alguns referida como integração financeira, é uma integração e interdependência financeira entre regiões e países do mundo para um melhor desempenho financeiro dos interessados. É uma medida em que os países se ligam uns aos outros através de participações financeiras transfronteiriças, sendo que os países industrializados e os países de economia emergente ou em vias de desenvolvimento mesmo pretendendo, se encontram numa interação financeira desigual.
Este tema, que ganhou mais relevo após a crise financeira de 2007 a 2009 e que segundo o FMI, (2007), é a soma dos ativos e passivos externos brutos de um país em relação ao seu PIB, fez com que no pós-guerra, houvesse uma enorme diferença com consequências entre a globalização “real” que desenvolveu primeiro e a financeira a ela derivada.
Uma das grandes consequências é a liberalização dos movimentos de capitais e diversificação das carteiras de ativos financeiros e vantagens comparativas que geram maior concorrência entre as instituições financeiras, o que estimula o aumento e a diversificação da oferta dos produtos financeiros. Embora uma medida capaz de potenciar a capacitação dos envolvidos, é o contrário que acontece em alguns setores, regiões e países, em conformidade com a lei do mais forte.
Outra consequência da globalização liberal ou neoliberal é a exploração e a disparidade social.
A globalização tende a levar ao desemprego e à injustiça, além de impor cortes nos programas sociais e assim exacerbar o já penoso perfil socioeconómico, acabando por levar à deterioração e ao abandono dum número cada vez maior de pessoas, muitas vezes no Sul Global.
As disparidades entre países desenvolvidos, as economias emergentes ou países em vias de desenvolvimento se aprofundaram-se devido a fatores como a deterioração do comércio, a dívida externa, a queda dos níveis de assistência oficial ao desenvolvimento e os efeitos negativos atribuíveis à globalização.
A deterioração e a inacessibilidade aos serviços sociais básicos obviamente resultam em pobreza em cascata, que aumenta e piora a situação dos países em desenvolvimento.
Deste modo, o que poderia fomentar a prosperidade, proporcionando para todos meios e instrumentos de progresso, acabaria por orquestrar mais empobrecimento. A comunidade internacional e convidada a criar mecanismos capazes de permitir e incentivar os países desenvolvidos a prestar assistência e cooperação na área de novas tecnologias e infraestrutura, destinadas a adotar medidas para conter os retrocessos provocados pelos efeitos inesperados e negativas da globalização financeira na vida daqueles que se tornaram vítimas dum fenómeno pré-histórico em crescente desenvolvimento.
Assim, evitava-se a tendência negativa da globalização, em qualquer das suas vertentes, financeira inclusive, de gerar os vencedores e vencidos e criava-se um ambiente de ‘ganha-ganha’ win-win, que daria mais fogo e folgo ao projeto de globalização financeira.