Cerca de 180 jovens de todo o país foram enviados a Joane (Vila Nova de Famalicão) para, juntos, escreverem uma nova “carta de Cristo” com o XXIX Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), ora escrita em cores vivas, com a “tinta” dos abraços, da música e do movimento, das conversas às refeições e das práticas artísticas com que se depararam na tarde de sábado, ora em tons mais propícios à reflexão, desenhados nas orações e nos testemunhos que aprofundaram quer o tema do fim de semana, quer o carisma missionário que orienta os JSF.Cerca de 180 jovens de todo o país foram enviados a Joane (Vila Nova de Famalicão) para, juntos, escreverem uma nova “carta de Cristo” com o XXIX Encontro Nacional dos Jovens Sem Fronteiras (JSF), ora escrita em cores vivas, com a “tinta” dos abraços, da música e do movimento, das conversas às refeições e das práticas artísticas com que se depararam na tarde de sábado, ora em tons mais propícios à reflexão, desenhados nas orações e nos testemunhos que aprofundaram quer o tema do fim de semana, quer o carisma missionário que orienta os JSF.
A carta começou a ser escrita no piso do campo de futebol da Escola Secundária Padre Benjamim Salgado, na noite de sexta-feira, com uma primeira oração que levou os jovens a questionarem-se que “carta de Cristo” são para os outros e que barreiras têm nessa expressão, antes do primeiro acolhimento, preenchido por um piano e um jogo de sombras em palco, e da abertura oficial, já na manhã seguinte, com a presença da subdiretora da escola, Teresa Mota.
Um novo parágrafo surgiu com as apresentações do Padre Tony Neves e da Fátima Monteiro. O provincial espiritano em Portugal mostrou o álbum e o vídeo relativos ao percurso de 150 anos da congregação no país, iniciado após a necessidade de se formarem missionários portugueses para serem enviados para Angola, já que a monarquia portuguesa, na época, impediu a presença de missionários franceses naquele território. De seguida, a professora de Educação Moral e Religiosa Católica, ligada aos JSF há 40 anos, trouxe, no seu discurso, outras “nuances” ao tema do Nacional, questionando os jovens sobre que tipo de “carta de Cristo” querem ser.
Depois de uma manhã em que se pediu escuta aos jovens, veio uma tarde de movimento com a “Arte do Encontro” e o Parque da Devesa, em Famalicão, como cenário. Tais movimentos, fossem do corpo, da mão a traçar sobre o papel ou somente das cordas vocais, valeram as passagens mais artísticas da carta, que continuou a ser escrita à noite, a cargo do grupo Mc 16, 15, com a contemplação da oração a anteceder o concerto com que brindaram a plateia.
Pelo meio, o vereador da Câmara de Famalicão, Leonel Vieira, abordou, na sua intervenção, o seu percurso de vida como cristão “esclarecido”, ativo na comunidade e na política, lembrando que se os “cristãos não se envolverem na política”, os seus valores “também nunca estarão presentes” e outros hão de prevalecer.
Joaquim e Alzira Freitas testemunharam o percurso enquanto casal e o “amor” e a “coragem” necessários para manter a família “viva em Cristo”, quaisquer os obstáculos no caminho, antes da intervenção do padre Jorge Vilaça a chamar a atenção para a importância de um cristão ser “aprendiz de vidente”, ao estar atento às pessoas que sofrem e àquelas com necessidades especiais, que mesmo com uma “caligrafia mais torta”, são “cartas de Cristo” como as outras.
Todos as palavras escritas ao longo dos três dias foram “seladas com amor” na Eucaristia de domingo, antes de terem sido enviadas para as paróquias de cada JSF, onde mais um ano de missão os espera.
Quase duas centenas de cristãos viveram, em Joane, o Encontro Nacional, alguns deles como mais uma experiência que acrescentaram às dos Nacionais anteriores e muitos outros pela primeira vez. O Padre Damasceno dos Reis viveu, aos 47 anos, o primeiro Nacional JSF, apesar de conhecer o movimento “desde seminarista, há uns 30 anos quase”, e classificou-o como uma experiência “agradável, com “muita vida”, “muito entusiasmo” e “muita dedicação de quem organiza e participa”, que resultou num “testemunho bonito”.
O sacerdote, agora a residir no seminário espiritano do Pinheiro Manso, no Porto, depois de muitos anos de serviço como missionário em Itoculo, no norte de Moçambique, disse ainda sentir um “certo consolo” por ter visto jovens com “saúde espiritual”, que saíram com a “fé um bocadinho reforçada” e, a propósito de uma “certa redução” do número de jovens nos Nacionais, considerou “uma pena não se poder aproveitar” para “partilhar” a pessoa de Cristo, através da música, das palavras, dos olhares das refeições em comum.
Joane foi também o palco do primeiro Nacional para Sandra Cristino, do grupo de S. Brás de Alportel. Depois de, em anos anteriores, o trabalho lhe ter negado essa possibilidade, a jovem, de 30 anos, quase percorreu o país de ponta a ponta para viver uma experiência onde se fica a “perceber” que ser JSF é “missão”, “ajudar o próximo”, “amizade” e “ter o coração aberto para Jesus”. Com as “expetativas” preenchidas, Sandra terminou o Nacional, com “vontade de ir em missão”, se possível “lá para fora”.
Rita Coelho, por seu turno, participou no nono encontro desde que se tornou JSF, em 2007, e frisou que, ano após ano, a “vontade de ir, de estar e até de fazer” permanece, pela “oração”, pelos “momentos formativos” e, ainda mais pelas “relações estabelecidas entre os elementos de diferentes grupos”, onde sobressai o “espírito missionário”. A jovem, de 27 anos, do grupo da Raimonda (Paços de Ferreira), disse ainda que cada Nacional é sempre uma “novidade”, apesar de sobrar aquela vontade de “rever alguns momentos que ficarão guardados na memória do coração”, “boas recordações de tempos JSF diferentes”.