4º Domingo do Advento
Se é verdade que o nascimento de Cristo, após os cálculos – não totalmente exatos – de Dionísio Exíguo, passou a ser o marco de referência para a contagem do tempo (antes e depois de Cristo), a sua grande novidade está noutro lado: o centro do mundo não é mais o “eu”, mas, sim, os outros e o Outro!
Com efeito, Maria é-nos apresentada como a primeira cidadã deste novo mundo: tendo sido informada da situação em que se encontrava sua prima Isabel, ei-la apressadamente a pôr-se a caminho para a ir ajudar.
Já a Carta aos Hebreus, de uma forma até irrealista, nos revela a primeira (e única) preocupação de Jesus ao entrar no mundo: “Eu venho, ó Deus, para fazer a tua vontade”, instituindo assim o novo culto, o único que agrada a Deus. E é pela sua força que “nós fomos santificados”.
Também a escolha de Belém para local de nascimento do Salvador se insere nesta mudança de paradigma: Deus não encaixa nos critérios de importância do mundo: “de ti, pequena entre as cidades de Judá, de ti é que sairá aquele que há de reinar sobre Israel”.
Precisamos, pois, de ir afinando os nossos critérios pelos do Senhor, pois a celebração do Natal apela a que, nós também, cresçamos na fé, a que sejamos celebrantes deste novo culto, não nos contentando com uma prática religiosa ritualista, rotineira e entediada – bem simbolizada na expressão ‘assistir à Missa’ – mas que encontremos a nossa realização pessoal no cumprimento da vontade de Deus, ao serviço dos irmãos.
Com efeito, contentar-se com uma celebração do Natal baseada apenas na tradição, nas prendas e numa boa refeição, e medir a alegria pela quantidade de prendas recebidas, é sujeitar-se a reduzi-lo aos dias 24 e 25 de dezembro, é continuar a praticar o culto antigo. Mas, para isso, nem preciso era este tempo do Advento!