“Good morning, Vietnam!”
Aterrei em Saigão, pela primeira vez, em 2006. Para mim, a Cochinchina deixou de ser, desde então, aquele lugar mítico distante para se tornar estranhamente próximo.
Ao chegar, ressoou-me no ouvido o grito estridente mas alegre “Good morning Vietnam”, do filme com o mesmo nome que recordava desde a infância. Quem não se lembra daquela interpretação fantástica de Robin Williams de um animador de rádio, em plena guerra do Vietnam, que foi capaz de trazer para o absurdo da guerra um pouco de bom humor, provocação e, sobretudo, humanidade. O homem errado, no lugar errado, na hora certa!
Vivemos hoje uma outra “guerra”, como nos recordaram os nossos dirigentes (preparando-nos o ânimo para efrentar as exigências que estavam para vir), contra um inimigo ainda mais invisível. Os vazios criados por esta guerra foram sendo preenchidos com mais ou menos criatividade, com inúmeras iniciativas os mais diversos níveis.
No campeonato do humor, parece-me estar a ser um tempo particularmente fecundo. Ao contrário do que possa inicialmente parecer, não creio que o humor seja uma espécie de alucinogénio que nos permita escapar do vazio, mas, pelo contrário, o bom humor (que não são piadas) pode muito bem ajudar-nos a criar as condições para interpretar a realidade e para encher de humanidade o vazio.
Quando aterrei em Saigão, já não havia guerra há muito tempo. Mas, para nós espiritanos, a situação não convidava a muitos sorrisos. Há alguns meses atrás, tinha ali perecido, de forma brusca, um colega nosso que preparava o terreno para um presença espiritana no Vietname. Aterrei, portanto, num vazio provocado pela saudade de um bom amigo que partiu e pela desilusão de um sonho que parecia agora mais longe da realidade. Entretanto, o Espírito Santo, tal amor e humor divino, haveria de preencher aquele vazio com uma das experiências mais fecundas da nossa aventura missionária no Oriente.
Este mês, convidei o P. Frédéric Rossignol, missionário espiritano no Vietname, a levar-nos de volta àquele país para conhecer melhor as alegrias e desafios da missão, neste ano especial em que são ordenados e enviados em missão os primeiros seis espiritanos locais.
Que em todas as longitudes nos saibamos deixar recriar pelo Espírito. Depois disto tudo, era o que faltava querermos voltar à “normalidade”! Queiramos mais e melhor! Até porque a “normalidade” esconde tanta coisa que anseia ser recriada.
Santo Pentecostes!