29º Domingo do Tempo Comum
A relação entre a atitude orante de Moisés e o êxito ou revés no combate que os seus soldados estavam a travar contra os amalecitas é profundamente interpelativa. De facto, não falta quem queira resolver todos os problemas do mundo só com a oração, como também não falta quem, pelo contrário, pense que a oração é pura perda de tempo e que o melhor é meter mãos à obra.
Se a primeira atitude encobre muitas vezes um descompromisso tranquilizador, mas alienante, que descarrega sobre Deus aquilo que é responsabilidade nossa, por sua vez, a segunda é vítima do império da eficácia em que vivemos mergulhados e que nos leva a não termos tempo para rezar, pois até “o tempo é dinheiro”.
A Palavra do Senhor deste Domingo apresenta-nos a síntese harmoniosa entre uma e outra. No Evangelho, é contada a história da pobre e injustiçada viúva para nos mostrar a necessidade de “orar sempre sem desanimar”. S. Paulo, por sua vez, recomenda ao seu discípulo Timóteo que permaneça firme, determinado e ativo, proclamando, argumentando e exortando, a tempo e a destempo, apoiado e alimentado pela Palavra de Deus.
Significativa também é a ligação que S. Paulo faz entre oração e Palavra de Deus, não só para nos dizer que a verdadeira oração parte da Palavra de Deus, meditada e rezada – pois “toda a Sagrada Escritura, [porque] inspirada por Deus, é útil para ensinar, persuadir, corrigir e formar segundo a justiça”-, mas também porque é ela que nos leva a viver em atitude missionária: “proclama a Palavra, insiste a propósito e fora de propósito, argumenta, ameaça e exorta, com toda a paciência e doutrina”.
Na verdade, como afirma o Papa Francisco na sua mensagem para este Dia Mundial das Missões, “também hoje, a Igreja continua a necessitar de homens e mulheres, que, em virtude do seu Batismo, respondam generosamente à chamada para sair da sua própria casa, da sua família, da sua pátria, da sua própria língua, da sua Igreja local. São enviados aos gentios, ao mundo ainda não transfigurado pelos sacramentos de Jesus Cristo e da sua Igreja santa”, pois “eu sou sempre missão; tu és sempre uma missão; cada batizada e batizado é uma missão: quem ama põe-se em movimento, sente-se impelido para fora de si mesmo, é atraído e atrai, dá-se ao outro e tece relações que geram vida”.
Bem avisados estão todos os movimentos missionários, que não descuram a organização desta retaguarda orante, para que os Missionários e Missionárias das linhas da frente saibam que podem contar sempre com este apoio indispensável.
Bem avisados andaremos nós também, se assentarmos a nossa vida e ação na oração e meditação da Palavra de Deus: elas são as verdadeiras alavancas para uma vida feliz e missionária!