A Senhora de Fátima visitou Manchester. Gostei muito da visita da Mãe, como gosto sempre muito de a visitar no Altar do Mundo. Mãe que é Mãe gosta de ir ao encontro dos filhos, onde quer que eles se encontrem. Quer saber como eles estão, quer apoia-los, quer cantar com as suas alegrias e chorar nas suas dores. O seu colo é sempre um porto de abrigo para todas as horas.
Gostei muito da visita da Senhora de Fátima Peregrina. A força da sua mensagem, assente nos valores evangélicos da conversão e da paz, ganha cada vez mais lugar e expressão. A catedral de Salford, em Manchester, encheu-se de gente, diversas vezes, nestes dias 23 e 24 de Fevereiro. O momento mais lusófono foi a Eucaristia de sábado à tarde, presidida pelo P. Carlos Gabriel, coordenador da pastoral das comunidades lusófonas no Reino Unido. Ali rezou-se e cantou-se em português, com muitos rostos banhados por lágrimas de alegria ou de esperança em tempos melhores. Nota-se na comunidade lusófona alguma angústia à medida que nos aproximamos do dia da saída definitiva do Reino Unido da União Europeia, o tão badalado Brexit. Ninguém sabe ao certo como vai ser o dia seguinte e muitas pessoas também colocaram este Brexit nas mãos da Mãe.
A visita da Mãe de Fátima Peregrina fez-me revisitar os textos bíblicos em que Maria aparece: sempre a caminho. Não é mulher para ficar apenas por casa. Qualquer situação que precise da sua presença é razão suficiente para deixar tudo e partir. Assim foi para visitar a Prima Isabel que precisava da sua ajuda: e nasceu o Magnificat! Assim foi para acompanhar José a Belém: e aconteceu Natal! Assim foi quando era importante apresentar o Filho no Templo. Assim foi quando precisou de lá voltar nos 12 anos do Menino. Assim foi nas Bodas de Caná: e aconteceu o milagre do novo Vinho! Assim aconteceu quando lhe chegaram notícias de que o Filho andaria um pouco desmazelado nos seus cuidados de comer e descansar! Assim foi quando o Filho carregou a Cruz e morreu no Calvário: e declarou-se como a Mãe Pietà! Assim aconteceria na manhã de Pentecostes no Cenáculo: e, com ela, nasceu a Igreja! Sempre a caminho, seguindo os passos do Filho ou abrindo-lhe caminhos novos! Assim são as mães, assim é a nossa Mãe de Fátima ainda hoje, percorrendo os caminhos dos seus filhos.
Foi a primeira vez que recebi a visita da Mãe Peregrina. Até agora, e dezenas de vezes, fui visita-la a casa, lá no Santuário de Fátima. Mas senti-me bem neste novo estatuto de visitado, de abraçado. Quando estamos longe, ficamos muitos felizes quando gente querida nos aparece em casa. Foi o caso. Revi a força da sua presença e a atualidade dos seus desafios. Sim, precisamos de paz que é fruto da justiça e de compromissos de vida sérios e responsáveis. É urgente criar mais espírito de família, de fraternidade e a Mãe é sempre um pilar sólido na comunhão familiar.
Quando regressar a Portugal, em Agosto, vou passar um mês inteiro em Fátima. Vou retribuir a visita e vou beber, mais uma vez, daquela fonte de paz que torna este santuário português no Altar do Mundo.
Obrigado, Mãe!