20º Domingo do Tempo Comum
A Palavra do Senhor continua a propor-nos, para melhor o podermos saborear, o pão eucarístico como “o pão vivo que desceu do Céu”.
Os textos de hoje insistem na insensatez que preside à vida de tantas pessoas – definidas pelo profeta Ezequiel como seres que “têm olhos para ver e não veem, têm ouvidos para ouvir e não ouvem” – e que as leva a perderem a verdadeira vida. Daí o insistente convite: “deixai a insensatez e vivereis”; “não vivais como insensatos”; “não sejais irrefletidos”.
E a maior insensatez consiste, precisamente, na recusa em aceitar o remédio que a pode combater, remédio, ainda por cima, gratuito, apresentado sob a forma de banquete para o qual a Sabedoria de Deus nos convida: “vinde comer do meu pão e beber do vinho que para vós preparei”!
O diálogo dos Judeus com Jesus manifesta uma outra resistência: “como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?” O texto joanino está construído de forma a fazer desta questão o centro da narração. Mas a sua insensatez é tal que Jesus não atende minimamente à questão apresentada, para insistir, por sua vez e de forma repetitivamente cansativa até, na mesma ideia: “a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida… Aquele que me come viverá por Mim”.
De facto, ao longo dos tempos, muita gente se tem esbarrado com este obstáculo, para o qual Jesus não dá nenhuma explicação. É que, “isto” não se explica: ou se acolhe na fé ou se recusa; ou acreditamos em Quem o afirma ou não! Por isso, também a nós é apresentado em cada Eucaristia como o “mistério da fé”!
Com efeito, a Eucaristia é esse banquete da sabedoria, que nos enche do Espírito Santo e nos permite “aproveitar bem o tempo da nossa vida”, seguindo os caminhos da prudência. Mas é, igualmente, o banquete da fé, pela qual sabemos que Deus preparou para nós “bens invisíveis, que excedem todo o desejo”.
Fazer das nossas Eucaristias dominicais autêntico banquete – da palavra e do pão -, do qual todos participem conscientemente, é tarefa de todos nós para que a Igreja cante, viva e proclame: “Ó verdadeiro Corpo do Senhor, nascido para nós da Virgem Mãe, penhor da eterna glória prometida”.
Na verdade, é através de nós que hoje a Sabedoria de Deus continua a convidar todos os homens para o banquete por Ela preparado!