16º Domingo do Tempo Comum
Jesus, ao apropriar-se da imagem do (bom) pastor, veio dar-lhe uma dimensão muito mais profunda e, sobretudo, uma perenidade que a desliga da precariedade a que este mister está sujeito. De facto, toda a atividade da Igreja se designa pelo termo ‘pastoral’: pastoral litúrgica, pastoral catequética, pastoral caritativa….
Por sua vez, os Bispos e Sacerdotes são designados frequentemente como ‘pastores’, participantes da solicitude pastoral de Cristo, o único e eterno Bom Pastor, que “derrubando o muro de inimizade”, que separava os povos, fez de “judeus e gregos um só povo… Por Ele, uns e outros podemos aproximar-nos do Pai, num só Espírito”.
Ao contrário, através do profeta Jeremias, Deus adverte os (maus) pastores “que perdem e dispersam as ovelhas”: não só lhes pedirá contas, mas também os afastará da sua missão, para Ele próprio se ocupar das ovelhas e refazer o rebanho.
Com a vinda de Cristo, a promessa de Deus realiza-se. E, embora na Igreja a missão de pastor esteja confiada a homens – por isso mesmo também passíveis de falhar – Cristo continua presente e atuante, através deles e para além deles.
Por isso, Cristo é o modelo a ser aprendido e imitado, antes de mais por aqueles a quem a própria Igreja chama especificamente para este ministério, mas também por todos os cristãos, cuja presença e atuação deve estar marcada pelo jeito de Jesus. Disso é bem significativo o episódio do texto evangélico de hoje, em que, com a mesma ‘justiça’, Jesus procura um lugar e tempo para, com os seus discípulos, ser feita a partilha e a avaliação da experiência missionária realizada, bem como para um pouco de descanso, mas toda esta planificação é posta de lado, para ser dada toda a atenção àquela multidão, porque para Jesus “eram como ovelhas sem pastor”.
Este jeito aprende-se na intimidade com Jesus e treina-se na missão de cada dia. E o percurso está bem definido: tornarmo-nos homens e mulheres capazes de se compadecerem com a situação alheia, para, depois, sermos capazes de levar, em e por nós próprios, “a morte à inimizade”, à indiferença e ao alheamento, procurando congregar todos os homens na unidade e na paz do rebanho de Cristo.
Num mundo, já tão dividido e disperso, só faz falta quem, ao jeito do Bom Pastor, congregue, aproxime e una! É para esta missão que o Senhor chama hoje cada um e cada uma de nós!