Celebram-se este ano os 25 anos da fundação de SOLSEF – Associação de Solidariedade Jovem sem Fronteiras, à qual estou ligado desde a génese. Nunca esquecerei a «reunião exploratória» (como então lhe chamou o Pe. Firmino Cachada) ocorrida em minha casa, na qual se definiram os objetivos e as linhas estruturantes de tudo. No final, celebrámos o evento com um vinho do Porto tão português como as caravelas que outrora rasgaram caminhos de descoberta do mundo, missionação e encontro de culturas. E nesse gesto afirmámo-nos como Igreja da diversidade e do acolhimento, do inconformismo e da promoção, da mudança e do futuro. Igreja profética e missionária, a única em que acredito por ser a única que radica na Pessoa e na Palavra de Jesus Cristo e a única que sinto necessária no mundo de hoje. E de que SOLSEF é, sem dúvida, uma expressão viva.
Ao ler as páginas centrais do último número da Ação Missionária sobre este tema, não pude deixar de contrastá-las com uma reportagem de outra revista sobre uma Igreja «de costas para o Papa» (assim se intitulava a peça) que, por isso mesmo, também vira costas ao mundo em que pretende inserir-se: ao cerimonial em latim e à recuperação de vestes e posturas pré-conciliares junta-se uma rigidez doutrinal e pastoral que, centrada na dimensão vertical da vivência religiosa, parece apenas erguer os braços uniformes alto e encolher o abraço de acolhimento à humanidade peregrina (e sofredora) na diversidade.
Este contraste incomoda o meu catolicismo que, por um lado, me desafia a aceitar todas as manifestações válidas de fé (mesmo que pareçam sectárias) e, por outro, me projeta numa universalidade sem fronteiras (rejeitando os sectarismos).
Acredito na Igreja inovadora e missionária e desconforta-me a Igreja ultraconservadora e integrista. Na coexistência de ambas (a par com outras…), rezo para que o Espírito Santo nos inspire e conduza. Na profecia, sempre!…