Daniel Brottier preocupa-se com as necessidades materiais e espirituais dos seus soldados. Lembra-se, por exemplo, de tirar fotografias para que possam enviar para os familiares. Procura modo de arranjar roupa interior para aqueles que dela necessitavam, após terem caído feridos em combate. Mas é o seu olhar de fé que emerge no meio da dor alheia como da sua própria dor. Na verdade, como se não bastara as condições horríveis que a guerra impunha, tem de fazer face à dor imensa da notícia da morte do pai, em Janeiro de 1915 Eis como escreveu então a sua irmã Luísa:
«As circunstâncias em que me encontro tornam ainda mais penosas estas horas. Sentir-se retido por um dever implacável, sem poder dizer uma palavra de afeição àqueles que amamos, é penoso. Peço para vós a força e a resignação». O Beato Brottier, caro leitor, aparece-nos aqui como o homem do dever. Mas o dever para ele identificava-se com a vontade de Deus.
O seu olhar de fé não lhe restringe a ação apenas à solicitude espiritual para com os seus soldados. Se esta é prioritária, não deixa, todavia, de pensar no que lhes possa trazer alguma alegria e conforto humano. Tira-lhes fotografias na frente de combate, para que possam enviá-las aos seus entes queridos. Procura modo de arranjar roupa interior para aqueles que, caindo feridos, ficavam sem roupa em condições de ser vestida. Com o seu bom-humor fazia por criar um ambiente de distensão após os duros combates que travavam. Arriscou inclusive a vida, saindo da trincheira sob cerrado fogo, para ir buscar água para os companheiros exaustos e sequiosos.
O P. Daniel Brottier conseguiu ganhar um considerável ascendente sobre todos, desde o soldado raso ao mais graduado dos militares. Era, pois, com toda o à vontade, sem sequer pestanejar, que a todos chamava para as celebrações da Eucaristia e da Reconciliação: «Filhos, não esqueçais que amanhã é o grande dia da festa da Páscoa e que deveis dar o exemplo aproximando-vos todos da santa Mesa. Numa hora, confessar-vos-ei a todos, começando pelo comandante e capitães».
A sua audácia, quando era preciso acudir aos feridos e moribundos, granjeou-lhe o título de capelão lendário. Mas ele via os factos com um olhar de fé: «É verdade que durante a guerra, amiúde exposto, fui preservado dos piores perigos, como por um milagre perpétuo. Fiz voluntariamente perigosas juntos dos feridos e moribundos, impedindo os outros de avançar, porque arriscavam a vida… enquanto eu estava seguro de voltar. As minhas roupas foram furadas, rasgadas. Mas nunca tive uma ferida. Prontamente compreendi que esta proteção só podia ser sobrenatural».