A Missão Espiritana na Ásia começou há muito mais de 40 anos. Logo nas primeiras décadas de existência desta congregação fundanda em 1703, o Seminário do Espírito Santo enviou missionários para a China, Vietname, Índia e outros países asiáticos. No século XIX, a Congregação enviou sacerdotes e irmãos para a Índia. No entanto, os Espiritanos deixaram o continente em 1888.
Mais recentemente, os Espiritanos voltaram-se novamente para a Ásia, vendo o continente como um novo desafio missionário. Em dezembro de 1977, há 40 anos, os Espiritanos partiram para o Paquistão, respondendo ao convite dos bispos daquele país e colocando-se ao serviço de minorias cristãs e indus. Vinte anos depois, partiram para o Sudoeste Asiático, iniciando a sua missão nas Filipinas e Taiwan. Há 10 anos voltaram ao Vietname e, uns anos mais tarde, também à Índia.
2017 foi, portanto, um ano muito rico em aniversários para o Espiritanos na Ásia.
O Irmão Marc Tyrant, Conselheiro Geral dos Espiritanos e correspondente da região da Ásia, explica esta reabertura à Missão na Ásia: “Porque será importante deslocar-nos para a Ásia, sendo nós muito mais conhecidos como especialistas na África e na América? Primeiro porque a Ásia é pátria de 60% da população mundial. É região de rápido crescimento, tanto populacional como económico; com os seus desafios missionários, como a desigualdade económica e social, as tensões entre populações com maioria e as minorias étnicas, algo muito importante para nós, missionários; a coexistências de várias religiões e comunidades culturais.
Tudo isto nos oferece a oportunidade de abordar os temas da justiça e da paz, da harmonia entre as comunidades e o diálogo inter-religioso. Nas nossas comunidades Espiritanas, convivem europeus, americanos, asiáticos, africanos, todos juntos, em si mesmo é testemunho muito importante para levar à Ásia.”
Paquistão
A presença espiritana no Paquistão, que teve início há 40 anos, tem sido marcada pela internacionalidade: ali trabalharam até agora 25 Espiritanos de 7 nacionalidades diferentes (Irlanda, Inglaterra, França, Nigéria, Uganda, Ilha Maurícia e Madagáscar). Apesar das dificuldades que tal internacionalidade suscita, tem sido uma experiência muito positiva para os Espiritanos e comunidades com quem trabalham.
Os Espiritanos no país são em número reduzido. Em Setembro, eram apenas três, mas o grupo foi fortalecido, nos últimos meses, com a chegada de jovens Espiritanos recentemente nomeados, sinal de que a Congregação continua a apostar na Missão naquele país.
A Igreja no Paquistão têm sido classificada como Igreja de sobrevivência. Um Espiritano que ali trabalha partilha connosco um pouco do trabalho junto das minorias de cristãos Bhils e Punjabs: “Eu sei, por experiência, o que significa ser parte de uma minoria que luta por sobreviver. Sentir as suas penas e alegrias é uma bênção evangélica para nós… Grande parte do nosso trabalho tem-se concentrado na edificação de comunidades de fé, na catequese, na promoção da saúde, no desenvolvimento de cooperativas, na educação e workshops como molas para iniciativas.”
Filipinas
A chegada dos Espiritanos às Filipinas aconteceu no dia 12 de Dezembro de 1997, dia da Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira do país. Quatro Espiritanos de diferentes continentes estableceram-se em Iligan, na Ilha de Mindanao, dando início à sua missão numa região onde a Igreja local deveras os necessitava.
De então para cá, Espiritanos de diversos países de África e Europa, juntaram-se aos pioneiros. A comunidade cresceu e assumiu trabalhos em três ilhas: Mindanao, Cebu e Leyte. Atualmente os Espiritanos estão comprometidos com universitários, com paróquias rurais e urbanas, com uma paróquia filipino-chinesa, com o ensino, com jovens em formação no Centro Juvenil na capelania hospitalar e prisional, com o diálogo entre Cristãos e Muçulmanos, os programas alimentares, e muitas outras tarefas que se coadunam com a vocação espiritana e a disponibilidade evangélica.
Recentemente, foi inaugurada uma Casa de Estudos Teológicos, em Manila, para a formação de Espiritanos para toda a região da Ásia, cuja construção contou também com a colaboração dos leigos em Portugal.
No passado dia 12 de Dezembro, 20º aniversário de presença nas Filipinas, foram ordenados os dois primeiros Espiritanos Filipinos.
Taiwan
Foi também em Dezembro de 1997 que chegou o primeiro espiritano à Ilha Formosa, juntando-se-lhe mais tarde mais três confrades, formando um equipa também muito internacional.
Num país onde os católicos não vão muito além de 1% da população, os Espiritanos trabalham em duas dioceses no norte do país (Hsinchu e Taichung), em ministério paroquial, evangelização e catecumenado, trabalho nas prisões, capelanias universitárias e junto dos imigrantes, especialmente vietnamitas e filipinos. Dentro da linha do seu carisma, os espiritanos têm vindo a tomar consciência do apelo a trabalhar mais junto das populações aborígenes nas montanhas, verdadeiramente marginalizadas no meio de uma sociedade cada vez mais materialista.
A presença espiritana em Taiwan representa um passo significativo no sentido de entrar no imenso mundo de língua e cultura chinesas onde o Evangelho se quer enraizar.
Vietname
A Igreja no Vietname, apesar de minoritária, é dinâmica e energética. Rapidamente, os espiritanos foram percebendo que esta Igreja têm um grande potencial missionário no meio de um continente que tão pouco conhece o Evangelho. Nos Estados Unidos, há diversos espiritanos jovens de origem vietnamita. A presença espiritana naquele país asiático impunha-se e aconteceu há 10 anos com a constituição da primeira comunidade espiritana.
Rapidamente perceberam que, dado o contexto socio-político, seria impossível assumir formalmente qualquer compromisso no ministério pastoral ou na educação… apenas colaboração informal. Para além de programas de desenvolimento junto dos mais pobres, os espiritanos dedicam-se sobretudo à formação de missionários. Apenas 10 anos depois, há 45 jovens espiritanos em formação.
Índia
De 1863 até 1888, cerca de meia centena de espiritanos tinha trabalhado em Pondichérry e Chandernagor. 120 anos depois, convidados por bispos de Tamil Nadu, os espiritanos voltaram à Índia. Cedo, sentiram a necessidade de abrir uma casa de formação perto do Seminário Maior diocesano da grande cidade de Chennai, onde alugaram uma casa. Hoje, já têm o primeiro sacerdote indiano; outros dois o seguirão em breve. Têm ainda dois seminaristas e oito aspirantes. Os primeiros sacerdotes têm formação especializada em diálogo inter-religioso e ação social.