Falta tanto… hum… na verdade, nem por isso.
A pandemia do Covid-19 obrigou ao adiamento da Jornada Mundial da Juventude em Portugal de 2022 para 2023, a fim de não afetar a necessária fase de preparação tão decisiva para um evento desta dimensão. Quando se fala em dimensão, não é apenas uma questão logística, é também, e talvez sobretudo, uma questão de caminhada espiritual.
Seria fazer um mero show off da JMJ se o objetivo principal fosse que no final, os portugueses, jovens e menos jovens, ficassem orgulhosos com a qualidade da organização esperando os habituais rasgados elogios: “correu tudo perfeitamente”, “Portugal nessas coisas não falha”, “a melhor JMJ da história”. Se claro, este aspeto logístico não é de descurar – não se acolhem milhões de pessoas oriundos do mundo inteiro sem uma estrutura bem oleada -, é o conteúdo que merece a nossa maior preocupação.
O mês de julho veio trazer notícias sobre a divulgação do hino e do cartaz prevista para o final do verão e a entrega em Roma dos símbolos da JMJ (Cruz e Ícone de Nossa Senhora) no domingo de Cristo Rei, no quadro da última reunião do Comité Organizador Local em Braga. Notícias boas e cuja concretização será essencial para tornar ainda mais palpável este encontro já à porta.
Porém, as novidades não ficam aí esgotadas, na medida em que também é realçado o trabalho intenso sobre os vários subsídios e em particular os de reflexão. Eis aqui o ponto fulcral: como vamos acolher a JMJ? Ou melhor, como vai o nosso coração acolher a JMJ?
A alegria que a Igreja Portuguesa, e em particular os seus jovens, sentiu ao ver o seu país escolhido para acolher a Jornada Mundial da Juventude, traz consigo uma responsabilidade que é literalmente do tamanho do mundo e não se trata aí de receber com perfeição, trata-se de saber qual é a Igreja que vamos apresentar ao mundo, na sequência da JMJ em Portugal.
Os rasgados elogios já os recebemos no Euro 2004 por exemplo, mostramos o que não éramos, escondemos os verdadeiros problemas socioeconómicos, políticos, desportivos… porque o tal objetivo nunca foi melhorar, mas expor que éramos, estávamos melhor.
Que a JMJ 2023 seja uma Jornada do crescimento para todos nós membros desta tão bela Igreja e que nos tornemos verdadeiros instrumentos de Deus em missão para os jovens de todo o mundo e assim sim: 2023 é a conta que Deus fez.