21º Domingo do Tempo Comum
O hino de admiração e de louvor, que S. Paulo canta sentidamente no texto da segunda leitura, tem a ver com a reflexão que ele foi fazendo nos domingos anteriores sobre a entrada dos pagãos na Igreja e para a qual como que foi necessária a infidelidade dos judeus; mas, também vai chegar o dia em que estes voltarão à verdadeira fé e a sua reintegração será como que uma ressurreição dos mortos!
Mas podemos apropriarmo-nos dele para o aplicar aos textos das outras leituras e louvar o Senhor pelas boas novas que por eles nos transmite.
Mesmo sabendo pouco ou nada sobre Chebna, nem sobre Eliacim, percebemos que se trata acima de tudo de perfis opostos sobre a forma de usar o poder: em Chebna está identificado o uso e abuso do poder de forma despótica, tudo orientando apenas para os seus interesses pessoais. Ao contrário, Eliacim aparece como aquele que procura agir ao jeito do pai, que se desvela pelo bem-estar de seus filhos. E esta será a forma definitiva de o poder ser exercido, mas, para isso, não basta chamarem-se ‘ministros’, isto é, ‘servidores’, ‘criados’!
Pelo evangelho deste domingo, somos inevitavelmente confrontados com a pessoa de Jesus Cristo. Seja qual for o nosso posicionamento, a verdade é que estamos irremediavelmente relacionados com Ele: desde a contagem do tempo aos símbolos que, por toda a parte, O representam. Desde o património artístico e literário às opções pessoais, Ele aí está, mesmo quando se pretenda negá-l’O, combatê-l’O ou votá-l’O à indiferença. Com efeito, as ‘Cesareias de Filipe’ multiplicam-se em todos os tempos, por toda a parte e para todos: Quem sou eu para vós? Quem sou eu para ti? Querer evitá-la ou ignorá-la é como pretender eliminar a nossa própria sombra!
Mas, o admirável deste texto é que é o próprio Jesus que elogia o ato de fé de Pedro na sua divindade! E, mais admirável ainda, é a profissão de fé que Jesus, e por Ele, o próprio Deus, faz no homem, fazendo de Pedro o fundamento inabalável da sua igreja! Além disso, o próprio Deus se coloca nas mãos do homem: ‘tudo o que ligares e desligares na terra será ligado e desligado’ por Deus! É verdadeiramente admirável, inaudito e impensável o mistério da fé de Deus na sua criatura, pelos riscos que daí advêm para o próprio Deus!
Mas, para nós, esta confiança de Deus constitui também um verdadeiro desafio, que é merecermos a confiança de Deus! Procure, por isso, cada um e cada uma de nós corresponder a esta confiança de Deus, esforçando-nos por ser, segundo a situação e capacidade de cada um/a, verdadeiros ‘Eliacins’ nas ‘Cesareias’ do nosso dia a dia, ao serviço dos irmãos e do bem comum, pois de ‘Chebnas’ continua o mundo bem cheio!