O Papa Francisco faz nos descobrir a verdadeira missão que Cristo recebeu do Pai que é revelar o grande mistério do Amor de Deus pelos homens. Este amor não é um «clicar num like» virtual, não é uma ideia, mas significa abeirar-se, estar presente junto das pessoas na sua vida de cada dia, os pecadores, as pessoas pobres, marginalizadas, doentes e atribuladas para manifestar o rosto misericordioso de Deus. O capítulo 15 do Evangelho de Lucas, contém as três parábolas da misericórdia: a ovelha perdida, a moeda perdida, e a do pai e dos dois filhos, o filho “pródigo” e o filho.
Palavra de Deus
Jesus propôs-lhes, então, esta parábola:
«Qual é o homem dentre vós que, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai à procura da que se tinha perdido, até a encontrar? Ao encontrá-la, põe-na alegremente aos ombros e, ao chegar a casa, convoca os amigos e vizinhos e diz-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida.’
Digo-vos Eu: Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão.»
«Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perde uma, não acende a candeia, não varre a casa e não procura cuidadosamente até a encontrar? E, ao encontrá-la, convoca as amigas e vizinhas e diz: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a dracma perdida.’
Digo-vos: Assim há alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte.»
Lc 15, 3-10
O Papa Francisco faz da alegria o motor do seu Pontificado. Ora o que é a alegria se não é usar de misericórdia para o outro? Nas três parábolas apresentadas pelo Papa como as parábolas de misericórdia, vemos a alegria estar sempre no processo da misericórdia: na parábola da ovelha perdida, é a alegria do pastor que encontra a sua ovelha, na da moeda perdida, é a alegria da mulher que encontra a sua moeda, e finalmente a parábola do filho pródigo transmite-nos a alegria do pai que reencontra o filho. Diz-nos o papa Francisco: «Cada um de nós é aquela ovelha perdida, aquela moeda perdida; cada um de nós é aquele filho que desperdiçou a própria liberdade seguindo falsos ídolos, ilusão de felicidade, e perdeu tudo. Mas Deus não se esquece de nós, o Pai nunca nos abandona. É um pai paciente, nos espera sempre! Respeita a nossa liberdade, mas permanece fiel.»
Assim a alegria de Deus reside em perdoar os seus filhos. A misericórdia diz nos o Papa Francisco é «como a força que tudo vence, enche o coração de amor e consola com o perdão.»
O Papa insiste muito sobre o tema da misericórdia. O próprio lema que ele escolheu como bispo foi «com os olhos da misericórdia». De fato quando foi eleito Papa, no seu primeiro Ângelus disse: «Ao escutar misericórdia, esta palavra muda tudo. É o melhor que podemos escutar: muda o mundo. Um pouco de misericórdia faz o mundo menos frio e mais justo. Precisamos compreender bem esta misericórdia de Deus, este Pai misericordioso que tem tanta paciência”
Pistas de reflexão
- Como podemos viver a mensagem da misericórdia nas nossas famílias, no nosso grupo?
- A misericórdia é uma realidade na nossa vida ou temos ainda muitos caminhos por percorrer?
Sede Misericordioso como o vosso Pai
O Papa Francisco tem-se destacado pelo seu sentido de realismo. Não basta «o politicamente correto» mas viver realmente o que professamos. «A misericórdia não é apenas o agir do Pai, mas torna-se o critério para individualizar quem são os seus verdadeiros filhos. Em suma, somos chamados a viver de misericórdia, porque, primeiro, foi usada misericórdia para connosco. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir.» Penso que esta reflexão do Papa interpela-nos no sentido da nossa responsabilidade perante o nosso próximo. O verdadeiro missionário é aquele que se sente responsável pelo outro. O verdadeiro missionário não fica indiferente diante das dores, dos sofrimentos, da injustiça, ele não vira as costas como Caim quando Deus pergunta pelo seu irmão Abel e este respondeu «Não sei; acaso sou eu o protetor do meu irmão?» (Gen 7, 9). Na verdade, «a misericórdia de Deus é a sua responsabilidade por nós. Ele sente-se responsável, isto é, deseja o nosso bem e quer ver-nos felizes, cheios de alegria e serenos. E, em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. Tal como ama o Pai, assim também amam os filhos. Tal como Ele é misericordioso, assim somos chamados também nós a sermos misericordiosos uns para com os outros.»
Este apelo dirige-se também à Igreja no seu conjunto, aos nossos movimentos e grupos. Cada movimento cristão deve acompanhar cada irmão tresmalhado. A Igreja “não deve ter um guarda de alfândega que deixa passar a uns e impede a outros”. A Igreja não deve ser um castelo fechado, mas “uma casa aberta para todos, que permite entrar a todos, pouco importa seu estado moral ou doutrinal”. Mais ainda: “ela é como um hospital de campanha” que tenta salvar os feridos…» Assim, «onde houver cristãos, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.»
Pistas de reflexão
- Quais são as dificuldades que encontramos para integrar a mensagem da misericórdia na vida concreta?
- Quais são os sinais de misericórdia que encontramos na liturgia, na Igreja?
Compromisso
Onde houver cristãos, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia.
Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privadas da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda.
Permanecer no caminho do mal é fonte apenas de ilusão e tristeza. A verdadeira vida é outra coisa. Deus não se cansa de estender a mão.
P. Dex-Steve Goyeko