1º Domingo do Advento
O novo ano litúrgico, que agora iniciamos, começa exatamente como acabou o anterior: recomendando a vigilância! É que a atitude de vigilância deve caracterizar toda a nossa vida: como “porteiros” que somos, não pode ser outra a nossa postura. Com efeito, não dá para aplicar o ‘piloto automático’ ao leme do barco da nossa vida: têm de ser mesmo as nossas mãos vigilantes a manter o barco na rota certa!
Esta atitude tem a ver com a conceção cristã do tempo, já que a nossa rota não é um circuito fechado, mas um caminho que – mais vezes embora em ziguezague que em espiral ascendente – nos conduz para a meta, para o porto de chegada.
De facto, com a entrada de Deus na história pela incarnação de seu Filho, o tempo deixou de ser um eterno recomeço, e, por isso mesmo, monótono e repetitivo, para se tornar numa caminhada em direção a um ponto de chegada.
Este aparente ‘olhar para trás’ do Advento / Natal é para fortalecer a nossa certeza de que o Jesus, que já veio, há de voltar, então envolto em glória, mas que, entretanto, vem continuamente para preparar, connosco, vigilantes e aplicados, o nosso coração para melhor O acolhermos na nossa vida e fazermos, na sua companhia, a nossa caminhada para Deus.
Para que esta nova etapa seja mais bem aproveitada, urge que cada um de nós tome consciência dos desvios e desajustes presentes na nossa vida e cultive uma maleabilidade maior, para que o nosso Oleiro melhor nos possa trabalhar e vá, assim, moldando a obra de arte que para cada um de nós, no seu amor, Ele arquitetou.
Paulo garante-nos que isto não é mera poesia, pois em Cristo já nos foi dado tudo: não nos “falta nenhum dom da graça” para podermos realizar com êxito a nossa viagem.
Comecemos, por isso, com entusiasmo esta nova etapa, entrando mesmo em Advento, e acrescentando, para isso, mais atenção e vez, vigilância, coerência e ação ao ‘Vem, Senhor Jesus!’, que tantas vezes repetiremos ao longo das próximas quatro semanas!