32º Domingo do Tempo Comum
A aproximação do final do ano litúrgico arrasta consigo uma temática muito própria, à qual a cultura contemporânea é avessa, preferindo mantê-la enterrada bem no fundo da gaveta das suas preocupações. Mergulhando de cabeça na aventura de um presente sem quaisquer preocupações de fidelidade com o passado e sem referências a uma meta definida, vive-se sem rumo, ao sabor das ondas do nosso capricho, que exige ser satisfeito de imediato e, se possível, sem esforço. A imagem das “virgens insensatas” da parábola evangélica retrata bem este tempo de navegação costeira, sem bússola e sem farol – sem GPS, na linguagem atual -, isto é, sem horizontes para além do momento presente.
Mas, esta parábola precisa de ler lida e entendida no sentido e no contexto de quem a apresentou. Com efeito, não é a falta de solidariedade e de partilha entre aquele grupo de adolescentes que aqui é posta em destaque e censurada, mas é salientada a nossa responsabilidade radical e indeclinável perante a vida – embora a ajuda dos outros seja importante -, mas cujas decisões fundamentais têm de ser tomadas por cada um/a de nós.
E é neste contexto que nós, cristãos, somos chamados a viver, remando contra esta maré. Daí os alertas de Jesus: Vigiai! Muni-vos do azeite da prudência! Deixai-vos guiar pela luz da sabedoria! Sabei para onde vos dirigis!
De facto, a vida pode ser encarada de forma sensata ou insensata. Quem não se preocupa com um rumo e sentido para a sua vida e em adotar os meios e estratégias mais condizentes, mas, pelo contrário, se deixa levar, ao sabor das marés e ventos das suas inclinações e caprichos ou dos modelos com que o mundo nos atrai e seduz, acaba por, na hora exata, não ter o azeite que lhe permita entrar de lâmpada acesa no festim do banquete eterno!
É esta a sabedoria que a Palavra de Deus hoje nos oferece. Com ela, a morte deixará de ser o fim de tudo, para se transformar na porta de acesso ao banquete eterno. Por isso, vale bem a pena apontar para ela o rumo da nossa viagem, mesmo que isso exija “remar contra a corrente” e nos mantermos sabiamente vigilantes!