Sempre que penso na palavra «esperança» vem-me à cabeça a história de Pandora e da sua caixa, que na mitologia grega continha todos os males do mundo. A caixa, toda ela bela, continha, no seu interior, todos os males do mundo. Quando a bela e curiosa Pandora a abre o mal parece ganhar sobre toda a criação. No final, e perante tanto mal aparece a «Elpis», a esperança, que na mitologia grega ganhou mesmo o lugar de uma deusa: a deusa da esperança.
Vem isto tudo a propósito de um novo ano que se inicia e, com ele uma «nova oportunidade à esperança».
Quantas vezes, no início de cada ano não formulamos as nossas esperanças: «Tenho esperança disto, daquilo, de ser isto, e aquilo, de estar aqui ou acolá no final de 2018…»
A esperança! Interessante esta palavra que, não poucas vezes, tomamos como passiva, como um “sentar para ver se acontece”, ou como diz o ditado “enquanto há vida há esperança”.
De facto a palavra esperança, do latim sperare convoca todo o ser humano à ação. Esperar é uma ação que envolve toda a pessoa num desejo de um futuro melhor, do progresso, do crescimento pessoal e social. Talvez por estarem conscientes da sua importância os cristãos a tenham colocado como uma das virtudes teologais entre a fé e a caridade e os gregos lhe tenham chamado divina!
Sem esperar o que seria o Humano? Provavelmente sem o sonho que vem da esperança ainda estaríamos a saltitar “de liana em liana” ou numa qualquer caverna das montanhas. É ela que faz crescer a vida e que nos permite sair “do nosso casulo”, sonhar com o que nunca ninguém ousou sonhar e caminhar para uma realização plena da vocação de cada um.
Num mundo que aparenta estar cheio de «caixas de Pandora» só a certeza da Elpis, essa espécie de marca invisível do divino em nós, pode renovar as razões do crer e do querer.
Também a Igreja quer ter um olhar de esperança sobre as novas gerações e organiza, em outubro, o Sínodo dos bispos sob o tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional»
Este é o nosso tempo: o Tempo de dar uma nova oportunidade à esperança.