A Sofia Leite e o Luís Santos, Leigos Espiritanos Associados, marcaram presença na Assembleia Geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), em Fátima, no passado mês de novembro, num momento de formação com enfoque na Missão Partilhada. Num momento dinamizado pela Conferência Espanhola de Religiosos (CONFER), abordaram-se os aspetos fundamentais para uma verdadeira Missão Partilhada, que podemos resumir no que nos atrevemos a chamar “Os 10 Mandamentos da Missão Partilhada”.
1. Um única Missão para todos
Todos os cristãos têm a mesma dignidade e são chamados à santidade. O Concílio Vaticano II vem reforçar e deixar claro que não existem “patamares” diferentes para leigos e religiosos na missão da igreja, todos trabalhamos para o mesmo objetivo, partilhamos a mesma Missão: anunciar o Reino de Deus.
2. “Eu sou a Missão” (Papa Francisco)
A Missão não é apenas uma coisa que fazemos, é a essência do que somos, é a nossa vida. O Papa Francisco vem reforçar que esta vida-missão não é exclusiva dos professos, também nós leigos Somos a Missão. Diariamente, em qualquer contexto.
3. Carisma partilhado
A Missão sem partilha de carisma torna-se apenas partilha de tarefas, o carisma fundacional de uma congregação vive-se através da vida dos professos, mas é essencial que também se funda na vida dos leigos. Viver o carisma muda a forma de olhar, rezar, amar e viver.
4. Visão partilhada e construída em conjunto
Os leigos devem ser chamados a pensar em conjunto com os religiosos a visão e planos de ação da congregação, a Missão Partilhada faz-se desde o início, pensando juntos o que realmente queremos. Nos Espiritanos este passo há muito que foi dado, por exemplo, com a presença de LEA no Capítulo Provincial e também no Capítulo Geral.
5. Caminho conjunto (não lado a lado, em paralelo)
O caminho deve ser feito em conjunto, não em estradas paralelas, podemos chegar ao mesmo destino, mas não com a mesma comunhão. A sinodalidade, tão praticada atualmente na igreja, ajuda-nos a praticar este caminho conjunto, em que cada um põe os seus dons ao serviço.
6. Conversão individual e institucional
A mudança na forma de estar e viver a Missão implicará sempre a conversão individual de cada um de nós a esta responsabilidade partilhada, mas também a conversão das instituições, por vezes mudança de estruturas ou formas de funcionamento, é preciso mudar a forma de ver e pensar a Igreja.
7. Encontro
A Missão Partilhada é feita por diferentes pessoas, leigos e religiosos, que têm hábitos de vida, formas de pensar e ideias diferentes sobre a mesma Missão. O encontro entre todos é essencial para a construção de uma relação próxima e de partilha profunda de ideais. Este encontro e relação serão capazes de fazer cair preconceitos de parte a parte.
8. Formação
Formar os leigos acerca da congregação e carisma é importante, pois só assim partilhamos a mesma essência. Mas existe outra dimensão que é também essencial: formarmo-nos juntos. Crescemos em conjunto quando nos formamos juntos. Assim aconteceu precisamente neste encontro da CIRP a que nos referimos.
9. Responsabilidade
A partilha da Missão é também a partilha da responsabilidade, que surgirá naturalmente com a vivência do carisma e partilha verdadeira deste caminho.
10. Caminhar apesar das dúvidas
O momento ideal não existe, teremos sempre receios e dúvidas acerca de como começar este caminho partilhado, por onde devemos ir, mas é essencial que isso não nos impeça de iniciar. É preciso pormo-nos ao caminho mesmo com dúvidas e confiar no Espírito Santo.
A Missão Partilhada é um caminho que já percorremos juntos há algum tempo nos Espiritanos, aqui foi reconhecido precocemente que para além de uma necessidade é uma mais valia para a Missão. Que estes “mandamentos” nos lembrem o que de positivo se faz na nossa família Espiritana e que nunca nos esqueçamos de “formarmo-nos juntos, rezar juntos e decidir juntos”, e certamente continuaremos a manter a Missão verdadeiramente partilhada.