O termo desenvolvimento sustentável foi já referido várias vezes e por vários autores na sua dimensão social, económica e ambiental. A origem deste conceito remonta ao século XVII, como resposta à desflorestação. John Evelyn lançou um alerta aos senhores de Inglaterra para que plantassem árvores em compensação da exploração exagerada dos recursos naturais provocada especialmente por aquilo que, na idade moderna, se referia como desenvolvimento mas que, na verdade, não passava de uma desflorestação. Assim foi-se criando a consciência de um desenvolvimento que pudesse ir ao encontro das necessidades do presente, sem desprezar ou descuidar as necessidades das gerações vindouras.
Este breve artigo pretende questionar criticamente a evolução ou desvirtualização deste termo. Na origem da ideia de sustentabilidade estão o Sr. John Evelyn e muitos outros autores que se dedicaram ao estudo e desenvolvimento do conceito. Para eles, esta noção estaria ligada a uma gestão conservadora da natureza/ambiente.
Gradualmente, porém, a ênfase passou da gestão e conservação da natureza para o desenvolvimento económico, que abrange não só os recursos florestais renováveis pela reflorestação, mas também a aniquilação de recursos não renováveis como é o caso dos minerais naturais. Aqui está a grande questão: “Como é que aquilo que aniquila pode ser desenvolvimento, sem trazer nada de sustentável?” A exploração contínua dos recursos não renováveis, não obstante o bom uso ou a reciclagem feitas, levará à extinção, uma vez que estão em causa recursos finitos.
O desenvolvimento económico na sua essência é um empreendimento impulsionado pelo capitalismo e coloca tudo na engrenagem do lucro. O desenvolvimento económico traz consigo as modernices da vida, com uma chuva de ofertas que nunca mais acabam, mas que, na verdade não corresponde a um verdadeiro desenvolvimento económico. Prova disso mesmo é o facto de que 99% dos recursos económicos do mundo estão concentrados nas garras de um grupo restrito de apenas 1% de pessoas. Logo, o desenvolvimento económico falhou. Não tem sido integral. Nem justo. É largamente desproporcional e, por isso, FALSO.
Quando se afasta da gestão do ambiente, o desenvolvimento económico passa a ser um ato suicida. Mais do que levar à ruína, o desenvolvimento económico, tal como assistimos hoje, é o primeiro culpado pela destruição do ecossistema. Pois, quem mata os pais não pode pedir que seja exonerado perante o juiz, sob o pretexto de ser órfão.
Vão-nos chegando às mãos muitos escritos que nos alertam para os desperdícios da casa comum. Num dos últimos, o ‘Laudato si’, do Papa Francisco, o Sumo Pontífice critica o consumismo e convida à mudança de atitude no combate à degradação ambiental. Uma leitura acrítica de tais obras só poderá dispensar-nos de todas as culpas se não formos donos de grandes empresas que estragam os recursos para enriquecerem. Contudo, não nos podemos esquecer que, ao patrocinarmos as compras nessas mesmas empresas, por vezes até pouco necessárias, contribuímos para tal degradação.
Fazendo então uma leitura crítica e informada da encíclica ‘Laudato si’, especialmente dos números 147-155, aquilo a que o Papa chama de ‘ecologia da vida quotidiana’ servir-nos-á de espelho perante o qual nós nos revemos à luz do nosso envolvimento na depleção da casa comum. Esta leitura também nos ajudará a ver que o desenvolvimento verdadeiramente sustentável é, sobretudo, humano.
Simon Ayogu