O papa Francisco visitou a Tailândia de 20 a 23 de novembro. Este país de maioria budista respeita os 0,5% de cristãos que ali vivem. Francisco teve diversos encontros e celebrações sempre com o diálogo e a colaboração como valores de fundo.
Aos governantes, o Papa pediu mais preocupação social – com investimentos na saúde, educação, emprego… -, na linha de um desenvolvimento humano integral. É urgente libertar o povo dos jugos da pobreza, da violência e da injustiça. Atacou em várias frentes e momentos o drama da exploração e abuso sexual, sobretudo de crianças e mulheres, também favorecido pelo turismo sexual. Apelou ao diálogo interreligioso e intercultural.
Francisco visitou o Patriarca Supremo dos Budistas a quem elogiou pela forma como os católicos e outras minorias religiosas são respeitados num país em que quase toda a população é budista.
O Hospital Pediátrico de S. Luís é uma das imagens de marca da presença da Igreja na Tailândia. Aqui, o Papa foi recebido com euforia e fez o elogio da caridade cristã ao serviço dos mais frágeis.
Ponto alto da visita foi a Missa celebrada no Estádio Nacional com 50 mil pessoas. O Papa voltou a atacar os flagelos da prostituição infantil e do tráfico humano. Os números são dramáticos, pois fala-se de mais de 300 mil mulheres em redes de prostituição e de 60 mil crianças exploradas sexualmente. Também é preocupante a situação dos migrantes e mendigos. Na homilia, o Papa voltou a elogiar os dois primeiros missionários, dominicanos portugueses, que chegaram ao país em 1567. A beleza e o colorido das danças e coreografias mostraram ao mundo o impacto da inculturação nestas paragens asiáticas.
O Papa encontrou-se com Bispos de toda a Ásia voltando a insistir na urgência da inculturação do Evangelho e do reforço do combate ao tráfico de pessoas e exploração laboral que ainda marcam muito este continente. Pediu uma Igreja sem medo de sair à rua, comprometida no combate às desigualdades sociais gritantes que vitimam os mais pobres.
O encontro com Consagrados permitiu ao Papa elogiar a coragem de ser minoria, às vezes perseguida ou esquecida, marcada pelo martírio da dedicação diária às causas do Evangelho. Francisco falou ainda da importância da inculturação que já ali se faz, mas a precisar de um despir cada vez mais radical das ‘roupas’ culturais estrangeiras. Assim se pode partilhar mais e melhor a cultura e a alma deste povo tailandês.
A Universidade de Chulalongkorn acolheu o encontro do Papa com líderes Religiosos. Ali, Francisco pediu mais e melhor diálogo inter-religioso. Falou ainda da necessidade de uma maior colaboração na luta contra toda e qualquer exploração de pessoas e na defesa da Casa Comum. Insistiu, igualmente, na importância da liberdade política e religiosa.
Esta visita pastoral à Tailândia foi um compêndio do pensamento social da Igreja e um livro aberto dos valores do diálogo, da inculturação e do respeito dos mais elementares direitos humanos.
A visita que se segue, ao Japão, vai ajudar a aprofundar outros valores de fundo, como a Paz que nunca é fruto da guerra.