No passado mês de outubro a igreja realizou uma iniciativa inédita dirigida aos mais jovens: o Sínodo dos Bispos sobre a juventude!
Ao longo de quase um mês os participantes abordaram o modo como as novas culturas incorporam em si o evangelho e o desafio constante que se coloca aos educadores e aos adultos que tem como missão a transmissão da fé!
Não sei, na altura em que escrevo, quais as conclusões do sínodo que o Papa Francisco desejou que fosse “de escuta aberta e sem preconceitos no pensar e no agir dos jovens”, mas sei, por experiência profissional, que como Igreja estamos a anos luz quer das culturas juvenis quer dos instrumentos e dos ambientes em que se movem!
Neles a ideia de Deus ou é residual ou pura e simplesmente não existe ou resulta de tentativas de puro “copy/paste” de modelos tradicionais que tão bem conhecemos!
Esta postura torna Deus uma ideia extrínseca ao Humano e não intrínseca! Como se Deus, esse conceito quase apagado, não tivesse lugar na rede. Como a interioridade, a dimensão do transcendente e do espiritual fossem exteriores ao Humano e por isso, nas partilhas e comentários íntimos, que se tornam universais pela ampliação das redes, “não houvesse lugar para eles”.
Urge hoje renovar a linguagem, os gestos e os modos de falar e de estar com Jesus que sempre preferiu novas linguagens perante um modo de religiosidade exterior e cristalizado, incapaz de sair da lei e de abraçar o pobre e o rejeitado. Jesus, o tal Cristo, sempre preferiu o choque frontal ao silêncio envergonhado; o confronto ao conformismo; o descaramento à vergonha!
O Deus de Jesus não se compraz com o louvor do incenso, ao estilo das religiões mitológicas, com ritos e liturgias solenes na forma, mas pobres de conteúdo e vivência. O Deus de Jesus exige seguimento e faz-se caminho connosco, na nossa história e em todos os acontecimentos da vida humana!
Seguir este Deus implica renunciar a si mesmo e ser criativo todos os dias. Isso só pode ser efetivo quando nos tornamos capazes de retirar coisas novas do tesouro antigo sem medo de errar ou de passar alguma linha mais ou menos expectável!
Este é o grande desafio da Igreja no século XXI e vital para que as Igrejas “sejam hospitais de campanha e não museus” num futuro próximo. Lançar redes novas em novas realidades. Preparados?