20º Domingo do Tempo Comum
Estamos, novamente, perante uma mensagem que destoa deste tempo de férias e é verdadeiramente inadequada para um período de pré-campanha eleitoral! Com efeito, Jeremias, que, em nome do Senhor, frontalmente denunciara a gravidade da situação e, como consequência, a inevitabilidade do exílio para Babilónia, foi silenciado e lançado ao fundo de um poço; a Carta aos Hebreus lembra-nos que “ainda não resististes até ao sangue, na luta contra o pecado” e no evangelho, é o próprio Cristo que nos garante que veio trazer a divisão e não facilidades.
Convenhamos que não se trata de mensagem muito tranquilizadora! Mas é isso mesmo que se pretende: “libertemo-nos de todo o impedimento e corramos com perseverança”! Mas só o poderemos fazer, se fixarmos os olhos em Jesus, “guia da nossa fé”, Ele que, “renunciando à alegria que tinha ao seu alcance, suportou a cruz”. E o profeta Jeremias também podia ter-se mantido muito caladinho ou, então, fazer coro com os patriotas – mas teria sido infiel a Deus.
No passado domingo eram-nos evocados os “pais” na fé (Abraão, Isaac, Jacob, Sara). Mas, tal como ontem, também hoje podemos evocar homens e mulheres do nosso tempo, que palmilharam com fidelidade e determinação os caminhos da fé: desde Madre Teresa de Calcutá e João Paulo II ao padre Pio, aos Pastorinhos de Fátima, a Edite Stein, a Maximiliano Kolbe, ao casal Quatrocchi e a muitíssimos mais que, de forma silenciosa e quase anónima, continuam a engrossar o cortejo dos Santos e, no dizer de S.to Agostinho, a ponte não partiu após a sua passagem: o caminho continua bem aberto também para nós!
Em tempo de tantas procissões, talvez precisemos de olhar para os Santos mais como ‘companheiros de corrida’ que, da meta, nos estimulam e apoiam – se eles puderam, porque não eu? – do que intercessores, a quem com frequência recorremos para ‘meter cunhas’ a Deus.
Trata-se, por isso, de linguagem desconfortável, mas também sabemos que não é de pantufas e no sofá ou com treinos ‘soft’ que os atletas se preparam para as competições olímpicas: não é com o “já e sem esforço” da cultura hodierna que se ganham provas ou se levantam construções que perdurem até à outra vida! É, pois, também para cada um e cada uma de nós a exortação do autor da Carta aos Hebreus: “estando nós rodeados de tão grande número de testemunhas, ponhamos de parte todo o fardo e pecado que nos cerca e corramos com perseverança para o combate que se apresenta diante de nós, fixando os olhos em Jesus, guia da nossa fé e autor da sua perfeição”!