1º Domingo da Quaresma
Sendo a Quaresma o tempo favorável no qual Deus nos convida à conversão, pena seria que o desperdiçássemos. Só com uma total insensibilidade à Palavra de Deus é que tal poderá acontecer, pois não há tempo litúrgico tão bem trabalhado para que, guiados por ela, cheguemos à Páscoa da Ressurreição.
Neste primeiro domingo, essa Palavra do Senhor remete-nos para o projeto original de Deus, do qual, desde Adão e Eva, o ser humano se tem desviado. Por isso, este é o tempo propício para repor a ordem no nosso ser e na nossa vida. S. Paulo recorda-nos que, só pelas nossas próprias forças, não somos capazes de realizar este reordenamento. Por isso, Cristo veio em nossa ajuda. Com Ele, que venceu a morte, também nós podemos vencer a nossa ‘desordem’ e repor a ordem de Deus.
As tentações, a que o próprio Cristo foi sujeito, são também as nossas tentações fundamentais: substituir a ‘ordem’ de Deus pela ‘ordem’ que mais nos convenha em cada momento. Mas, com Ele, também nós podemos vencê-las, resistindo ao tentador e às solicitações que sorrateiramente ele nos vai apresentando. ’Resistir’ é, pois, a proposta que hoje nos é feita: ultrapassar o ‘posso’, o ‘gosto’, o ‘apetece-me’, o ‘que mal tem?’ para me questionar sobre o que ‘devo’ ou ‘não devo’ fazer.
A proposta para esta caminhada em quaresma rumo à Páscoa passa, pois, por aceitar o convite que nos é dirigido: detetar as ‘desordens’ que se foram instalando na nossa vida, descobrir as raízes que as alimentam e procurar a terapia mais adequada para as corrigir. Só assim daremos “uma verdade nova às nossas vidas”. Como diz o Papa Francisco, “não deixemos passar em vão este tempo de graça, na presunçosa ilusão de sermos nós o dono dos tempos e modos da nossa conversão a Ele”.
Boa Quaresma para todos!