4º Domingo da Quaresma
Este grito de S. Paulo, dirigido aos cristãos de todos os tempos, através da sua segunda Carta à Comunidade de Corinto, vai mais além do que simples apelo à conversão, ao nosso regresso à casa paterna. Ele impulsiona-nos a um conhecimento cada vez mais profundo do nosso Deus.
Se, neste sentido, a parábola do “filho pródigo” aparece como o texto mais paradigmático, muita outra riqueza de mensagem está à nossa disposição nos restantes textos da Palavra deste 4º domingo da Quaresma.
Na leitura do livro de Josué, para além da conclusão do processo libertador operado por Deus em favor do seu povo, Deus é-nos apresentado como quem, com a liberdade, lhe restitui a responsabilidade: a partir de agora, terão de comer o fruto do trabalho das suas mãos, não há mais ‘papinha feita’. Com a celebração da Páscoa, o autor indica-nos o caminho da aliança com Deus como o único que nos pode levar à realização e felicidade verdadeiras.
No texto de S. Paulo, a verdadeira reconciliação com Deus, mais que mérito e iniciativa nossa, é a nossa resposta ao reencontro com Ele, operado em Cristo e que por Cristo nos é constantemente oferecido: “Deus identificou-O com o pecado por causa de nós”.
Por isso, a parábola do “filho pródigo” é, acima de tudo, a revelação do nosso Deus em Jesus Cristo.
Como afirma Bento XVI na sua encíclica ‘Deus é amor’, “quando Jesus fala, nas suas parábolas, do pastor que vai atrás da ovelha perdida, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro do filho pródigo e o abraça, não se trata apenas de palavras, mas constituem a explicação do seu próprio ser e agir” – Ele é, na verdade aquele “que acolhe os pecadores e come com eles “.
À primeira vista, a figura do filho mais velho aparece como a mais e desnecessária. Bem pelo contrário, é por ela que se revela o verdadeiro coração de pai: “porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado, tínhamos de fazer festa e alegrar-nos”!
Para o nosso Deus, conta mais um coração arrependido que uma fidelidade sem coração, sem alegria, sem capacidade de se alegrar com os que se alegram e de chorar com os que estão tristes”. E para nós?