Em tempo de férias poderíamos transformar este título num anúncio gravado em qualquer montra, talvez na porta da Igreja, quem sabe na discrição das nossas conversas com Deus. Às minhas mãos trouxe-o um livro oferecido por um amigo. Desde então ficou a ecoar…
Tempo. Amizade. Serviço.
“Se o tempo presente representa algo a gerir, e não um tirano a quem responder, tornar-se-á experiência normal dar-se conta de que já não estamos sós, indivíduos numa selva de estranhos em competição. Empregar o próprio tempo na “com-paixão”, na escuta do outro, na partilha de um momento de alegria que «irrompe na nossa vida quando aceitamos construir a existência como prática de hospitalidade» é já dizer-nos a caminho da felicidade. Não aquela efémera da publicidade ou do dia-a-dia, afogada no fim de contas na procura de uma visibilidade sem a qual acreditamos que não podemos existir, mas aquela humilde e duradoura que, distante da inveja para com a (presumida) fortuna do próximo, nos liga intimamente ao bem.”
Dedicados ao descanso, à ausência de rotinas e afazeres, poderá ser fácil não encontrarmos tempo para Deus. A Amizade com Ele tal como com os nossos verdadeiros amigos, cultiva-se pela proximidade, pela intimidade, pelos silêncios compartilhados. Recorrendo às diferentes aplicações facilitadoras da oração, através da leitura ou aprendendo a contemplar a natureza, “cada um de nós possa sentir-se habitado, sentir o sabor das coisas pequenas, poder olhar o modo como o simples da vida se torna uma epifania de Deus.” Dispor do nosso tempo em favor dos outros, é igualmente, uma forma de nos fazermos próximos de Deus. O exemplo de lavar os pés que nos deixou em Quinta-feira Santa recorda-nos, de modo assertivo, como devemos actuar com humildade, generosidade, gratuidade, colocando ao dispor as mãos, as entranhas e o coração.
Encontrar em Deus um companheiro de caminho, de viagem, eis um desafio para estes dias, talvez para todos os dias! Tal como compreender a amizade e o serviço como dons de Deus e missão para a nossa vida. E não esqueçamos “quando oferecemos tempo, à nossa mesa vem sentar-se o mundo inteiro.”