25º Domingo do Tempo Comum
Os textos hoje escutados põem em confronto dois padrões de vida: um, habitualmente designado de ‘capitalista’, no qual o cilindro da ambição esmaga tudo e todos, sacrificando no altar do lucro pessoas, valores, religião, lazer e cultura. É o que o profeta Amós denuncia de forma frontal e vigorosa na primeira leitura, e que Jesus, no Evangelho, personifica na imagem do administrador infiel e desonesto, para quem todos os meios para garantir um futuro tranquilo são válidos.
Bem diferente é o estilo que S. Paulo nos propõe e que é o único do qual pode resultar uma vida “tranquila e pacífica”, “sem ira, nem contendas”, “com toda a piedade e dignidade”. Aqui, a oração pelos “reis e por todas as autoridades” exprime a conformidade com os caminhos de Deus e o exercício de uma autoridade animada pelo espírito evangélico de serviço. Este é o estilo de vida que, segundo S. Paulo, é “bom e agradável aos olhos de Deus”.
Apesar do fascínio e do aparente sucesso do primeiro destes dois estilos de vida, já o profeta Amós denunciava a ganância dos seus contemporâneos, manifestada não apenas na falsificação de pesos e medidas, mas também no serem considerados como desperdício os dias e tempos em que não se podia fazer negócio. E perante a prosperidade daqueles para quem tudo vale e tudo é permitido, o profeta alerta-nos que Deus não esquece nenhuma das suas obras e que há de vir o dia da justiça de um Deus que “levanta os fracos e exalta os humildes”. E, aí, não há esperteza, nem artimanhas, nem equilibrismos que ‘fintem’ o Senhor!
E porque não podemos “servir a Deus e ao dinheiro”, era importante que não evitássemos, nem adiássemos este questionamento fundamental na nossa vida: que valor damos ao dinheiro e aos bens materiais? Quanto, o quê e quem temos sacrificado ao deus da ambição, do ter, do gozar?
É o convite que nos fez o Papa Francisco: “Será bom que hoje nos perguntemos sinceramente: em quem pomos a nossa fé? Em nós próprios, nos bens materiais ou em Jesus? Temos todos muitas vezes a tentação de pensar que o ter, o dinheiro e o poder é que nos dão a felicidade. Mas também sabemos todos que não é assim. O ter, o dinheiro, o poder podem oferecer um momento de embriaguez, a ilusão de sermos felizes, mas, finalmente, são eles que nos dominam e nos levam a querer ter cada vez mais, a nunca estarmos satisfeitos. E acabamos empanturrados, mas não alimentados”.