O P. Eurico José de Azevedo, filho de João António de Azevedo e de Eugénia Augusta de Barros, nasceu em Caldelas, concelho de Amares, diocese de Braga, a 6 de junho de 1930. Concluída a instrução primária na sua terra natal e por aconselhamento do seu pároco, deu entrada no seminário de Godim, em outubro de 1943. Daqui seguiu para o seminário do Fraião. Aluno distinto, trabalhador e zeloso, depois do Noviciado, fez a sua Profissão Religiosa, a 8 de setembro de 1950. No seminário de Viana do Castelo, concluído o curso Filosófico, em 1952, é enviado para Roma, para continuar os estudos de Teologia, na Universidade Gregoriana. É ordenado sacerdote, em Braga, a 15 de agosto de 1955, com mais 49 sacerdotes da mesma Arquidiocese. Voltou a Roma para terminar o curso Teológico e fazer a licenciatura em Teologia, em junho de 1956. Após a Consagração ao Apostolado, feita em Roma, no mesmo ano de 1956, é nomeado para a Província de Portugal e colocado no Instituto Superior de Espírito Santo, na Torre d’Aguilha-São Domingos de Rana, como professor de Sagrada Escritura e História da Filosofia, trabalho que se prolongou até 1959; aqui, além de professor e com a ajuda do P. Salgueiro da Mota, foi ecónomo da comunidade, durante dois anos. Para além do ensino e das contas do economato, dedicou-se “de alma e coração às gentes pobres e marginalizadas de Tires onde, com a colaboração de muitos leigos locais e de alguns seminaristas, seus alunos, veio a formar-se uma grande, linda, unida e irradiante comunidade cristã.”
Em outubro de 1959 foi nomeado e transferido para o seminário do Fraião, para “colaborar generosamente na obra da formação dos nossos aspirantes”, do 3.º ao 7.º ano. Entretanto, o conselho de obra reuniu para distribuir as aulas pelos professores e, uma vez que o P. Avelino Barreto tinha sido nomeado para Angola e não havia professor de Grego para o 6.º e 7.º anos, o P. Eurico assumiu este cargo por quatro anos e ainda o economato, com a ajuda do Ir. Luís Pontes e Ir. Sotero. Mesmo assim, nunca deixou de se dedicar à pastoral dos Bairros da periferia de Braga. Assim fazia, também, em Roma. É do seu tempo de ecónomo, a abertura do novo campo de futebol ou campo das tílias, na encosta, entre o Espadanido e o Seminário. Corria o ano de 1960.
A 3 de Novembro de 1961, o Sr. Arcebispo de Braga, D. António Martins Júnior, nomeou-o «Assistente arquidiocesano da LAC”, cargo que, a pedido dele, no ano seguinte deixou, para assumir o da JAC. A 3 de Novembro de 1962, foi nomeado assistente arquidiocesano da JAC, cargo que exerceu até outubro de 1969, ano em que foi nomeado, pelo Provincial, para regressar à Torre da Aguilha, com o encargo de lecionar Pastoral, Eclesiologia, Sagrada Escritura e ser pároco; neste trabalho paroquial, procurou envolver na prática pastoral, os alunos de Teologia que o desejassem. Em 1970 foi nomeado para a Comunidade do Porto, na Rua Nova do Regado.
Em 1971, e depois de ter trabalhado com D. Aurélio Granada na dinamização da Ação Católica, em Portugal, assumiu o trabalho de Missionário dos Emigrantes, em Hamburgo, na Alemanha, com a anuência dos Superiores.
E partiu a 8 de fevereiro de 1971, para Hamburgo. De Hamburgo, começou a pastorear os povos de expressão portuguesa, desde a Dinamarca ao Hessen, desde a República Democrática da Alemanha à Holanda. Entretanto criaram-se as missões de Nordhorn, de Osnabruck, de Breman e de Hannover. O primeiro missionário de Hannover foi o querido confrade Sousa Pinho, que acompanhou como ao irmão mais querido, desde oito dias antes da sua tomada de posse, até à hora da morte.
Tendo feito 75 anos de idade, a 6 de Junho de 2005, segundo o Concílio Vaticano II, acatado na Alemanha, tinha de deixar de exercer todo e qualquer cargo oficial na Igreja, mas, como a 15 de Agosto do mesmo ano fazia cinquenta anos de sacerdócio, combinou com o bispo de Hamburgo despedir-se, nesse dia, da atividade apostólica oficial. A despedida foi festiva. A 16 de agosto de 2005 regressou a Portugal, ficando ligado à comunidade do Fraião, mas a viver na sua casa paterna, em Caldelas-Amares. Daqui, procurava visitar os confrades utentes do Lar Anima Una, no seminário do Fraião. Ofereceu, para o Lar, um novo aparelho de Televisão.
Entretanto apareceu a criação oficial do Lar Anima Una, e o Pe. Sabença, então Provincial, pediu a sua colaboração. E deu-a até 2020. (Da sua biografia, por ele escrita e entregue à Secretaria Provincial).
Na sua casa paterna, em ambiente calmo e Termal, dedicou-se ao estudo da sua paixão: A Sagrada Escritura. Dez anos depois, começou a escrever. Foram publicados, com a colaboração do MAAES (Memórias dos antigos alunos dos seminários do Espírito Santo) e cronologicamente: “Rezar com S. Mateus” (2017), “Rezar com S. Marcos” (2018), “Antiga e Eterna Aliança-Rezar no Lar de Nazaré (2018), “Rezar com S. Lucas” (2018), “Rezar com S. João”(2019) e “Rezar com S. Paulo-São Paulo o Cavaleiro do Amor” (2020). Parte das receitas da venda destes Livros, é canalizada para o CEPAC, obra dos espiritanos para apoiar os imigrantes. Em 2020, na sua casa, a fragilidade da saúde, bateu-lhe à porta. Devidamente assistido, recuperou. Em 2021, a “Irmã morte” marcou, com ele, o dia da partida para o Pai, Senhor da vida e da morte: 24 de Novembro. O P. Eurico encontrava-se no hospital. “Com pesar, gratidão e esperança vos comunico o falecimento do nosso confrade P. Eurico Azevedo, ocorrido esta tarde, depois de vários dias de hospitalização. Com uma vida longa e rica de dedicação à missão de Jesus e ao Povo de Deus, o P. Eurico marcou muitos daqueles que tiveram o privilégio de privar com ele. Os seus últimos anos distinguiram-se por uma notável dedicação e generosa entrega à Ainima Una, que ajudou a fundar e a dinamizar. Razão acrescida da nossa gratidão. Rezando com e por este nosso confrade, unimo-nos à sua família de sangue e a todos os que se sentiram acompanhados e abençoados por ele” (P. Pedro Fernandes, Provincial, 24.11.2021):
Com a celebração da Eucaristia, na igreja de Caldelas-Amares, no dia 26 às 15:00h, vamo-nos despedir e entregar a Deus Pai, o nosso P. Eurico Azevedo com 91 anos de idade, 71 de Professo e 66 de vida sacerdotal. Será sepultado no cemitério local. Na casa do Pai há muitas moradas. Diz Jesus. Vive com Deus. Obrigado, Senhor.
P. João Mónico, Secretaria Provincial