O P. Américo de Sousa Alves, filho de Joaquim Ribeiro Alves e de Guilhermina Rodrigues de Sousa, nasceu em Lamas-Santa Maria da Feira, diocese do Porto, a 4 de março de 1935.
Admitido ao seminário de Godim, entrou em outubro de 1949. Tinha 14 anos de idade. Era um aluno exemplar.
No ano escolar 1956-57 fez o Noviciado no seminário da Silva e a sua Profissão Religiosa a 8 de setembro de 1957. Em seguida, foi-lhe pedida colaboração, como professor, no seminário do Fraião e em Paredes de Nava, em Espanha, durante o ano de 1957-1958.
Regressado a Portugal, retomou os estudos eclesiásticos, no seminário da Torre d’Aguilha e foi ordenado sacerdote, em 1963.
Em 1964, foi nomeado para Angola, onde desempenhou sucessivas as funções: coadjutor na Missão do Dundo; Vigário-Geral da diocese de Saurimo; Reitor do Seminário Maior Espiritano em Calumanda-Huambo e Diretor Espiritual no Seminário de Cristo Rei-Huambo. Tudo isto desempenhou, generosamente, entre 1965 e 1991. Na formação de jovens candidatos ao sacerdócio, esteve 7 anos, de 1984-1991.
No ano de 1991-1992, volta à Europa e faz um estágio pastoral, na Universidade Pontifícia de Madrid.
Em 1992, regressa a Angola, para ser Vigário-Geral da diocese de Saurimo e responsável pelo Centro Missionário do Lucapa, onde permaneceu até 2019. Colaborou na tradução, para Quioco, do Catecismo, do Ritual de Iniciação de Adultos e do Ritual dos Sacramentos. Participou no Capítulo Geral de 1982, em Chevilly, e no Conselho Provincial Alargado de 1997, na Torre d’Aguilha, como delegado por Angola.
Num texto que escreveu em 2006, o P. Américo diz: “Não houve tempo nem obreiros suficientes. Mas a graça de Deus tudo pode fazer. E já está a fazer o que só ela pode e sabe. Os vindouros irão ter surpresas muito agradáveis”.
Sobre o seu trabalho apostólico, diz que é uma herança dos missionários que o precederam e acolheram quando chegou à Missão do Saurimo em 1964. Escreve: “Aprendi com eles a respeitar o Povo que se torna nosso irmão pelo Evangelho que lhe anunciamos, a amá-lo até ao sacrifício de nós mesmos e a fazer da Missão Espiritana a actividade mais de acordo, mais dignificante e mais gratificante da nossa vocação sacerdotal, missionária e religiosa”.
Ao longo de 40 anos, este velho missionário, sempre dedicado, nunca abandonou o seu povo nas horas amargas de uma guerra longa, macabra, destruidora e inútil. Permaneceu firme, como bom pastor, junto das suas ovelhas, correndo o risco da sua própria vida. Viveu momentos de angústia, medo, incerteza, fuga, perseguição, dispersão, destruição e morte. A sua confiança na misericórdia de Deus é profunda e constante. E assim escreve:
“Se ainda me conservo fiel ao essencial é graças à grande misericórdia de Deus que nunca nos abandona, graças ao intenso trabalho que ocupa todo o meu tempo, graças à força da oração que faz ver o essencial, graças às Irmãs Missionárias e ao Povo com quem procuro estar unido no trabalho, na oração, nas alegrias e nas tristezas e graças também aos raros encontros com os confrades das Missões do Dundo e Saurimo. Talvez se possa chamar a tudo isto: Com – Unidade Religiosa Espiritana”.
Em 2019, em férias na família, foi acometido, subitamente, por um problema cardíaco. Depois de devidamente assistido e recuperado, a sua saúde pedia cuidados que o impediam de regressar a Angola e, em 2020, passou a viver na comunidade do Fraião-Lar Anima Una.
Em junho de 2023, partilha na folha informativa da Província que, no início da sua estadia no Lar Anima Una, tinha o pensamento em Angola, mas, entretanto, percebeu que estava enviado a uma nova missão, no próprio Lar, que passava por conhecer as pessoas do Lar, criar amizades e ajudar os mais fragilizados do que ele.
Assim foi o P. Américo missionário toda a sua vida. O Senhor da Messe chamou-o a Si, na madrugada do dia 7 de agosto de 2023.
Agradecemos ao Senhor o grande testemunho de entrega que nos deixou o P. Américo e sabendo que ele está agora junto de Deus, rezamos para que interceda pela Congregação e que o Senhor da Messe continue a enviar operários para a Sua Messe.
Oh Maria, Rainha das Missões,
Dai-nos muitos e santos missionários!