33º Domingo do Tempo Comum
Todos nos recordamos do desafio deixado por João Paulo II a nós, Igreja do terceiro milénio: “faz-te ao largo!”.
Mas também sabemos todos que a navegação no alto mar só é possível para quem estiver equipado com os respetivos instrumentos de orientação. Com efeito, o avanço espetacular da navegação marítima nos séculos XV e XVI deveu-se à utilização da bússola e, sobretudo, do astrolábio.
Pois, as certezas que a Palavra do Senhor deste domingo nos deixa são o equipamento que nos permitirá fazermo-nos ao largo neste mar revolto da vida, em que as tempestades são frequentes e os perigos de naufrágio constantes.
E o jeito apocalíptico em que elas nos são apresentadas mais facilmente nos situam neste contexto tempestuoso da vida: tempo de angústia, grande aflição, sol a escurecer, estrelas a cair, forças do céu abaladas, vulcões a vomitar constantemente lava… Trata-se de circunstâncias mais que suficientes para provocar o medo, angústia, a desorientação.
Se não é difícil revermo-nos neste cenário, de acentuado cariz catastrófico, mais necessário se torna, então, procurarmos a claridade que brota das certezas da nossa fé, que hoje nos são recordadas e reafirmadas: surgirá o Arcanjo Miguel, que protege os filhos de Deus; o nosso Salvador virá sobre as nuvens, rodeado de poder e glória; os eleitos acordarão para a vida eterna e serão reunidos dos quatro pontos cardeais…
Para isso, indispensável se torna que sejamos capazes de ver, no meio de toda a confusão reinante, os sinais da sua presença, até porque eles passam facilmente despercebidos, tal como os ‘olhinhos’ na figueira, mas dos quais brotarão, os ramos, as folhas e, finalmente, os saborosos figos-
A maior desgraça que nos pode acontecer não são as tempestades e os cataclismos, mas sim a perda da serenidade e da lucidez e reconheçamos que a maior parte dos nossos contemporâneos já as perdeu. Seremos nós, cristãos, capazes de a elas nos agarrarmos e de, com elas, ajudarmos os nossos irmãos? Cristo é o melhor timoneiro a quem podemos confiar o leme da nossa vida.
É disso que o nosso mundo mais precisa: “os sábios resplandecerão como a luz em firmamento escuro e os que tiverem ensinado a muitos o caminho da justiça brilharão com estrelas por toda a eternidade”.