17º Domingo do Tempo Comum
Para mim, é intrigante, tristemente intrigante, ver o frenesim com que tanta gente, semana após semana, se candidata ao €uromilhões e, entretanto, vai construindo cenários paradisíacos de felicidade, que, na realidade, são mais voláteis que bolhas de sabão!
Ao contrário, a Palavra do Senhor coloca diante de nós o exemplo de Salomão, a quem teria sido dada a garantia de ver satisfeito o desejo apresentado, fosse ele qual fosse.
Mas, o pedido por ele apresentado a Deus revela que o dom da sabedoria já lhe tinha sido concedido. Só que, em vez de seguir a inclinação natural para a riqueza, o poder, a fama, a eliminação dos inimigos, Salomão solicita a capacidade para bem governar o povo que lhe estava confiado.
Também nós sabemos o que devemos pedir a Deus. Mas será isso que acontece mesmo nas nossas orações, ou, pelo menos, terminamo-las com a ressalva de que aceitaremos o que Deus achar por bem conceder-nos?
Também nós sabemos qual é o verdadeiro tesouro a prosseguir. Mas em que é que mais investimos na vida do dia a dia? É que a certeza de que “Deus concorre em tudo para o bem daqueles que O amam” não nos dispensa de lançar mão dos meios apropriados para conseguirmos o verdadeiro tesouro: é necessário procurá-lo e, para o conquistar, pôr de lado tudo o resto. É que, para os dons de Deus, não basta preencher o boletim!
Vale a pena estarmos bem atentos às afirmações do Salmo Responsorial, para tentarmos fazê-las também nossas: “para mim, vale mais a lei da vossa boca do que milhões em ouro e prata”; “eu amo os vossos mandamentos mais que o ouro mais fino”.
Estes tempos de crise, pela renúncia forçada a muita coisa supérflua, até nos podem ajudar a centrarmo-nos no que é verdadeiramente essencial e importante. E bem no centro de tudo, precisamos de colocar um ‘coração inteligente’, que seja capaz de distinguir o que vale e o que não vale, o real e o ilusório, o definitivo e o transitório, e de estar bem aberto às necessidades e sofrimentos dos nossos irmãos.
Outras pretensões, não passam, seguramente, de correrias atrás do vento!