6º Domingo da Páscoa
A prática religiosa ainda é, nos nossos dias, o critério mais usual para nos definirmos religiosamente. Assim, temos os ‘católicos praticantes’, com uma prática regular, e os católicos ‘não praticantes’, sem prática religiosa ou que o fazem apenas esporadicamente.
Mas, há que reconhecer que este não é o critério apontado por Jesus no evangelho de hoje: “se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”, nem por S. Pedro no texto da primeira leitura: “em qualquer nação, aquele que O teme e pratica a justiça é-Lhe agradável”.
De facto, mais do que um conjunto de práticas, o cristianismo mede-se pela nossa relação com Cristo e pela importância e lugar que Ele tem na nossa vida concreta, desde os valores e critérios às atitudes, sentimentos e decisões.
O Batismo aparece, no texto dos Atos, como o sacramento da adesão à comunidade cristã, à Igreja. É que “aprouve a Deus santificar e salvar os homens, não individualmente, excluindo toda a relação entre eles, mas antes constituí-los em povo, que O conhecesse na verdade e O servisse na santidade” (LG. 9).
Assim sendo, um cristianismo avaliado apenas pela intensidade da prática religiosa é ficar muito aquém daquilo que Cristo nos propõe no evangelho deste domingo: “não fostes vós que Me escolhestes: fui Eu que vos escolhi e vos destinei para que deis fruto e o vosso fruto permaneça”; “já não vos chamo servos, mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi a meu Pai”.
O mesmo se diga em relação à Igreja. Ficar-se pela prática religiosa é não passar do “adro da Igreja”, de uma Igreja que é mistério de comunhão e sacramento universal de salvação, anúncio e prenúncio da nova Jerusalém: “a todos aqueles que olham com fé para Jesus, como autor da salvação e princípio da unidade e da paz, Deus convocou-os e constituiu com eles a Igreja, que seja para todos e cada um o sacramento visível desta unidade salvífica” (LG. 9).
É de um cristianismo assim que somos chamados a dar testemunho. Que o Espírito Santo nos ensine também a nós a ‘falar’ a verdadeira linguagem do amor, para que o nosso mundo descubra os verdadeiros horizontes do amor e a beleza e alegria do Cristianismo autêntico!
E as devoções a Maria, que durante este mês de Maio se multiplicam por toda a parte, só o serão de verdade na medida em que nos ajudarem a imitá-la na sua disponibilidade total para a vontade de Deus: “faça-se em mim segundo a vossa palavra” (Lc.1, 38).