2º Domingo do tempo pascal
Foi o Papa João Paulo II que, uns anos atrás, a quando da canonização da Irmã Faustina Kowalska, determinou que o domingo a seguir à Páscoa “de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de ‘Domingo da Divina Misericórdia’”.
Com efeito, “nas diversas leituras, a Liturgia parece traçar o caminho da Misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus, suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna”.
Na verdade, “Cristo ensinou-nos que o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a ‘ter misericórdia’ para com os demais”. De facto, “Ele indicou-nos os múltiplos caminhos da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas também vai ao encontro de todas as necessidades dos homens. Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual”.
Beneficiários privilegiados desta divina misericórdia foram os catecúmenos que, na vigília pascal, receberam a graça do batismo e que, tradicionalmente, hoje depunham a túnica branca – domingo ‘in albis’ – para regressarem à vida normal, agora transformados por dentro.
Também o apóstolo Tomé nos aparece como grande beneficiário desta misericórdia, feita condescendência para com a sua exigência para acreditar no Cristo ressuscitado.
Igualmente beneficiários somos todos nós, a quem o Senhor ressuscitado dirige a sua saudação – “a paz esteja convosco!” -, nos torna participantes da sua missão e nos envia o seu espírito de perdão. Como afirmava então João Paulo II, “a sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do gesto das Suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã Faustina”.
“Ao fixarmos o nosso olhar n’Ele, ao sintonizarmo-nos com o Seu Coração de Pai, tornamo-nos capazes de olhar os irmãos com olhos novos, em atitude de gratuidade e partilha, de generosidade e perdão”. Só “na medida em que a humanidade souber o segredo deste olhar misericordioso” é que se tornará “realizável o quadro ideal, proposto na primeira leitura: a multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas, entre eles, tudo era comum”.
É este o caminho para que a misericórdia se torne no jeito de nos relacionarmos uns com os outros e num projeto de comunidade caracterizada pela partilha a todos os níveis. Esta é a melhor maneira, lembrava João Paulo II, de nos fazermos “próximos dos irmãos mais necessitados”.
Banhados por esta divina misericórdia, torne-se cada um de nós agente desta misericórdia junto de todos os nossos irmãos!