Festa do Batismo de Jesus
Esta festa faz a transição do tempo do Natal para um período de tempo comum que se prolonga até ao início da Quaresma.
E não seria fácil encontrar melhor passagem, pois sabemos como o batismo de Jesus não só está no início da sua missão pública, mas também se mantém ao longo dela como o referencial de toda a sua existência e atuação. E quando se aproxima a sua ‘hora’, diz-nos S. João que Jesus “se retirou novamente para o lugar onde João começara a batizar e lá permaneceu” (Jo. 10,40).
Sinal também da importância do batismo é o facto de os quatro evangelistas registarem esse acontecimento. Podemos dizer que é aí que tudo começou para Jesus e que tudo começa para nós.
Não se trata, pois, de mero acontecimento do passado, que permanece nos livros através do respetivo registo, mas de um verdadeiro nascimento, cujo aniversário deveria ser lembrado por cada um de nós. Foi por ele que nascemos para “uma vida nova”, para uma nova maneira de estar na vida.
Os outros textos de hoje ajudam-nos a definir o perfil para todo o batizado, cujo modelo é Cristo, de quem S. Pedro afirma “que passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo Demónio, porque Deus estava com Ele”. Por esta afirmação, desaparecem os critérios estreitos de qualquer clubismo religioso e ficam abertas as portas a todo aquele que, “em qualquer nação, teme a Deus e pratica a justiça”.
Mas é sobretudo o texto de Isaías que, de forma mais precisa e completa, nos apresenta o perfil que também a nós nos deve caracterizar. Batizados “com o Espírito Santo e com o fogo”, e estando conscientes de que foi Deus quem nos formou e tomou pela mão, sabemos que o Seu espírito também repousa sobre nós.
Por isso, também nós, como Cristo, procuramos acolher e entregar-nos à missão de levar a justiça de Deus a tudo e a todos, com uma fidelidade capaz de resistir a todos os fracassos e desfalecimentos, e sem recorrer aos meios e processos do mundo, pois a nossa força não reside em qualquer tipo de violência ou de ameaça, nem pretendemos arrasar e destruir, mas sim “estabelecer a justiça na terra”, afinal a única “doutrina que até as ilhas longínquas esperam”.
Como é importante que hoje os cristãos se definam e se distingam por este perfil, que não apenas pelo simples registo batismal ou por mera prática religiosa, por mais assídua que ela seja! Como é importante que, em toda a parte e em todas as circunstâncias (do lar ao trabalho, da casa à convivência social, da economia à política), os cristãos fossem reconhecidos como homens e mulheres de justiça e de paz, de verdade e de solidariedade.
Como seria diferente a nossa Igreja e o Mundo, se todos os cristãos tivessem consciência de que, pelo Batismo, nos tornamos discípulos de Jesus, para O seguirmos incondicionalmente, irmãos entre irmãos, para a vivência comunitária da nossa fé, e apóstolos, para, com Jesus e como Jesus, consagrarmos todas as nossas energias à construção do Reino!
“Hás visto a teu irmão? Hás visto a Deus”. Palavra d’O que é A PALAVRA e O CAMINHO. A Igreja de Jesus ressuscitado, “justificados pela fé”.